Famílias denunciam falta de médicos e negligência no atendimento do Pronto-Socorro Dr. Roberto Macedo, em Belém

A denúncia, que chegou até a equipe do EPOL, revela graves falhas na prestação de cuidados médicos e problemas no funcionamento do hospital

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Famílias de pacientes internados no Pronto-Socorro Dr. Roberto Macedo, em Belém, denunciam a falta de médicos e a negligência no atendimento a pessoas em estado grave. A denúncia, que chegou até a equipe do EPOL, revela graves falhas na prestação de cuidados médicos e problemas no funcionamento do hospital, comprometendo a saúde e a vida dos pacientes.

Atrasos no atendimento e exames não realizados

De acordo com o relato de uma familiar de uma paciente, Dona Clicia Raimunda Ferreira Cordovil, de 81 anos, sua entrada no hospital foi marcada por atraso e descaso. A idosa foi levada pelo SAMU à unidade no dia 31 de dezembro, por volta das 16h, devido a uma trombose. No entanto, o atendimento foi demorado, com pacientes aguardando até 18 horas para serem avaliados.

Exames solicitados para Dona Clicia, incluindo exames de sangue, foram coletados por volta das 19h, apesar da paciente ter chegado cedo. A demora na realização dos exames foi confirmada por profissionais da área, que relataram que o tempo de espera para resultados rotineiros, que deveria ser de uma ou duas horas, chegou a cinco horas. “Estavam enrolando”, afirma a denunciante, que trabalha há mais de 20 anos na área laboratorial, explicando que, enquanto isso, pacientes ficavam esperando em cadeiras e até no chão.

Negligência e falta de humanização no tratamento

O quadro de Dona Clicia se agravou durante a noite, quando, após a solicitação de uma ação médica urgente por volta das 2h da madrugada, a equipe de enfermagem informou que os médicos de sobreaviso só se apresentariam no hospital horas depois, no início da tarde do dia seguinte. A familiar conta que, mesmo com a gravidade do estado de saúde da idosa, o médico de sobreaviso não foi capaz de realizar os exames necessários a tempo. Quando a família voltou ao hospital para agilizar o atendimento, foi informado que o exame havia sido “perdido” e que o médico já havia ido embora.

O relato ainda descreve que, em muitos casos, médicos não atendem as ligações ou se mostram desinteressados em comparecer ao hospital para realizar os devidos atendimentos. Além disso, o sistema de exames estaria falhando, com equipamentos e protocolos inadequados, prejudicando ainda mais o atendimento de pacientes em risco.

Falta de estrutura e treinamento

Outro ponto crítico abordado nas denúncias foi a falta de estrutura do laboratório do hospital. Profissionais do setor teriam sido deslocados para o laboratório sem o treinamento adequado para operar o sistema. A justificativa dada, segundo os relatos, foi que o laboratório passou a ser próprio do hospital, o que dificultaria o processo de emissão dos exames. No entanto, conforme explicado por um profissional da área, os aparelhos e as técnicas de exames não mudam com a troca de sistema, o que levanta questionamentos sobre a real causa dos problemas.

Graves consequências para os pacientes

Infelizmente, Dona Clicia não sobreviveu. Ela faleceu na madrugada de 1º de janeiro, após horas de espera e descaso no atendimento. A denúncia de sua família ganhou força após o relato de outros pacientes e profissionais da área que também vivenciaram a negligência dentro do hospital. Segundo informações, no dia 1º de janeiro, três óbitos ocorreram no pronto-socorro, o que reforça a gravidade da situação.

A denúncia sobre a precariedade do serviço de saúde no hospital Dr. Roberto Macedo gerou repercussão, com vídeos e relatos sendo compartilhados por outros que presenciaram o caos dentro da unidade.

 O Estado do Pará Online/EPOL solicitou informações sobre as denúncias à Secretaria Municipal de Saúde de Belém (SESMA) e estamos no aguardo de respostas.

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