Quase metade da madeira extraída no Pará entre agosto de 2023 e julho de 2024 foi retirada sem autorização ambiental. O dado é do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que identificou 20.402 hectares de exploração irregular no período, o equivalente a 56 campos de futebol por dia de floresta afetada.
O estudo mapeou 43.052 hectares explorados no estado. Desses, 22.650 hectares tiveram autorização, o que representa redução de 25% em relação ao ciclo anterior. Embora a área total explorada tenha caído 17%, o percentual de ilegalidade subiu de 42% para 47%, o que, segundo pesquisadores, evidencia falhas persistentes de fiscalização.
Pressão sobre áreas protegidas
A Terra Indígena Amanayé, em Goianésia do Pará, registrou 2.026 hectares explorados ilegalmente, alta de 152% em um ano. Terras com registro no Cadastro Ambiental Rural e em outros sistemas fundiários concentraram 69% das ocorrências, o que, na avaliação de especialistas, facilita a identificação de proprietários responsáveis e reforça a necessidade de ações de responsabilização.
Paragominas, Dom Eliseu e Goianésia do Pará lideram a exploração clandestina e somam 46% de toda a área ilegal identificada. Municípios como Tomé-Açu e Portel também figuram na lista, reforçando a recorrência de conflitos fundiários e pressão econômica sobre a floresta.
Contexto pré-COP30 e desafios de fiscalização
Os números são divulgados em momento em que o Pará se prepara para sediar a COP30, em novembro de 2025. A conferência é vista pelo governo como oportunidade de projeção internacional da agenda amazônica, mas os dados reforçam críticas sobre a capacidade do estado em controlar a expansão da atividade ilegal e implementar ações de comando e controle.
Pesquisadores afirmam que a redução da área total explorada não compensa o aumento proporcional da ilegalidade. Entre as medidas apontadas como necessárias estão o reforço da fiscalização territorial, o estímulo ao manejo florestal comunitário e o avanço na regularização fundiária e demarcação de terras indígenas. O governo estadual afirma investir em monitoramento e integração institucional, mas ainda não anunciou ações específicas após a divulgação do relatório.










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