Um estudo inédito revelou a influência crucial das terras indígenas (TIs) da Amazônia na geração de chuvas que abastecem 80% das áreas agropecuárias no Brasil, contribuindo para 57% da renda do setor. Em 2021, essa dinâmica representou R$ 338 bilhões, evidenciando o papel essencial da preservação desses territórios na segurança hídrica, alimentar e econômica do país.
Segundo o IBGE, o Pará tem 49 Terras Indígenas:
TIs e total e habitantes
1.Munduruku- 9.257
2.Kayapó- 5.455
3.Andirá-Marau – 3.183
4.Parque do Tumucumaque – 2.250
5.Alto Rio Guamá – 1.926
6.Xikrin do Rio Catete – 1.727
7.Sai-Cinza – 1.653
8.Parakanã – 1.325
9.Nhamundá/Mapuera – 1.298
10.Menkragnoti – 1.291
A pesquisa, conduzida por especialistas brasileiros e internacionais, aponta que a reciclagem de água nas florestas das TIs é responsável por até 30% da chuva média em regiões agrícolas. Estados como Mato Grosso e Paraná recebem até um terço das chuvas anuais de processos diretamente ligados às florestas amazônicas.
Impacto econômico e ambiental
A agricultura e a pecuária, atividades que consomem grandes volumes de água, dependem dessas chuvas. Segundo o hidrólogo Caio Mattos, da Universidade Federal de Santa Catarina, o desmatamento nas TIs ameaça não apenas o meio ambiente, mas também cadeias produtivas fundamentais para a economia nacional.
O estudo reforça a importância de proteger as TIs como barreiras ao desmatamento. Entre 2019 e 2023, apenas 3% das áreas desmatadas na Amazônia estavam dentro de TIs, que ocupam 23% da Amazônia Legal e abrigam mais de 450 territórios.
Conexão com os “rios voadores”
As florestas das TIs amazônicas alimentam os chamados “rios voadores” — correntes de umidade que transportam água para outras regiões do Brasil. A manutenção dessas áreas é essencial para garantir a continuidade desse fenômeno, que sustenta a produção agrícola em estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Preservação
O estudo ocorre em um momento de intenso debate sobre a lei do marco temporal, que limita a demarcação de TIs a territórios ocupados antes de 1988. A pesquisa reforça a urgência de políticas públicas que garantam a proteção desses espaços.
“Os dados mostram que a demarcação de terras indígenas é uma ferramenta fundamental para a conservação da Amazônia e a estabilidade econômica do país”, destaca Marina Hirota, matemática e meteorologista da UFSC.
O levantamento, desenvolvido pelo Instituto Serrapilheira, contou com a colaboração de pesquisadores de instituições renomadas, como UFSC, UFMG, e universidades da Holanda, Suécia e Estados Unidos, além de especialistas como Carlos Nobre e Paulo Artaxo.
A preservação das TIs não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e estratégica, reafirmando sua relevância para o futuro do Brasil.
Fonte: Intituto Serra Pilheira
Confira a nota técnica aqui.
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