Estrutura na UFPA já está sendo montada para a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30 em Belém - Estado do Pará Online
Estrutura na UFPA já está sendo montada para a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30 em Belém
Programação vai de 12 a 16 de novembro na Universidade Federal do Pará e deve reunir mais de 130 delegações e 10 mil participantes, com foco em transição justa, reparação e justiça climática
A cidade de Belém se mobiliza para receber um dos maiores encontros de articulação popular da Amazônia: a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, que ocorrerá de 12 a 16 de novembro na Universidade Federal do Pará (UFPA). A estrutura para o evento já começou a ser montada dentro do campus, com tendas, auditórios e alojamentos que vão abrigar delegações vindas de todo o país e do exterior.
De acordo com Vera Paoloni, presidente da CUT-Pará e integrante da coordenação da Cúpula, o evento será um espaço de debate e mobilização sobre os principais desafios ambientais e sociais da Amazônia.
“O território é a universidade. A Amazônia precisa estar no centro das discussões climáticas, e a COP30, em Belém, é o momento de mostrar isso ao mundo”, afirmou Vera.
A abertura oficial será marcada por uma barqueata nas águas do Guamá, no dia 12, com concentração a partir das 8h na UFPA. O ato simbólico reforça o protagonismo dos povos amazônicos e a relação histórica da cidade com os rios. O percurso ainda está sendo definido, mas deve seguir até a Vila da Barca ou a Escadinha do Cais, retornando ao ponto inicial por volta do meio-dia.
Durante os cinco dias de programação, as atividades se espalharão por cerca de 40 salas de aula e auditórios da universidade, além de espaços culturais e áreas externas.
“A CUT terá dois auditórios, o MAB outros tantos, e toda a universidade vai estar tomada de debates, oficinas e apresentações culturais até as 10 da noite”, explicou Vera.
Entre os destaques, o dia 14 reunirá ministros do governo federal em uma plenária especial. O ministro Padilha deve apresentar o Plano Adapta SUS, voltado ao enfrentamento das mudanças climáticas na saúde pública, e outros integrantes do governo, como Marina Silva, Luiz Marinho (Trabalho) e Márcio Macêdo, também foram convidados.
Na mesma tarde, os participantes devem aprovar a Carta Política da Cúpula dos Povos, documento que sintetiza as propostas e reivindicações discutidas durante o evento.
Já no dia 15, ocorrerá a Grande Marcha pelo Clima, com concentração no Mercado de São Brás e percurso de cerca de 6 quilômetros até a Aldeia Amazônica, na avenida Pedro Miranda. A caminhada deve durar aproximadamente três horas e contará com forte presença de movimentos sociais e organizações internacionais.
O encerramento da Cúpula, no dia 16, será marcado pela visita do embaixador André do Lago, presidente da COP30. Ele receberá das mãos das entidades a Carta Política aprovada dois dias antes e deverá levá-la oficialmente ao espaço de negociação da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Segundo a organização, o evento deve abrigar cerca de 7 mil pessoas e alimentar até 10 mil durante os dias de atividades, com alojamentos montados nas proximidades do bairro da Cremação. A mobilização também cresce rapidamente: em duas semanas, o número de delegações oficiais confirmadas saltou de 46 para 132.
Além da preparação logística, a Cúpula discute eixos temáticos como transição justa, reparação histórica e justiça climática, com foco nos impactos diretos das mudanças do clima sobre a vida dos amazônidas.
“As pessoas estão adoecendo mentalmente por causa do calor extremo. Quem trabalha nas ruas, nas roças ou nos aplicativos sente ainda mais os efeitos. Esse é um debate urgente sobre trabalho e saúde”, destacou Vera Paoloni.
Para a dirigente sindical, a realização da COP30 em Belém representa um marco histórico.
“Essa COP é fundamental. Ou o mundo implementa agora as mudanças necessárias, ou talvez não haja volta. É uma oportunidade única de mostrar a Amazônia real — com seus desafios, suas lutas e sua esperança”, concluiu.
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