Esquema milionário de manganês em Marabá faz uso de "CAR" para simular posse irregular de áreas - Estado do Pará Online

Esquema milionário de manganês em Marabá faz uso de “CAR” para simular posse irregular de áreas

As investigações revelam que, no início deste mês, Jamil Amorim utilizou o sistema da Semas para registrar um Cadastro Ambiental Rural em nome da Mineração 3 Marias LTDA, mesmo com a licença ambiental suspensa.

Jamil Amorim é apontado como líder da quadrilha que exporta manganês para o exterior

O empresário Jamil Silva Amorim está sob investigação federal por suspeita de liderar um esquema de extração e exportação ilegal de minério de manganês no Pará. A quadrilha, segundo a Polícia Federal, estaria utilizando o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Estado para simular a posse regular de áreas rurais em nome da empresa Mineração 3 Marias LTDA.

As investigações indicam que Jamil Amorim declarou um CAR na área da mina sob investigação, em nome da empresa “Mineração 3 Marias”, para convencer investidores e compradores de que detém a posse legal da área.

A licença ambiental do projeto de manganês da empresa foi suspensa pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), e o título minerário foi suspenso pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Além disso, a inscrição estadual da empresa foi suspensa pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) após a emissão de mais de 2.000 notas fiscais de venda ilegal de minério de manganês. Essas notas fiscais correspondem a uma carga de aproximadamente 23 mil toneladas de manganês, avaliada em cerca de R$ 30 milhões, apreendida pela Polícia Federal no Porto de Itaqui, no Maranhão, antes de ser exportada para a China.

As investigações revelam que, no início deste mês, Jamil Amorim utilizou o sistema da Semas para registrar um Cadastro Ambiental Rural em nome da Mineração 3 Marias LTDA, mesmo com a licença ambiental suspensa. Esse CAR, que deveria demorar anos para ser aprovado, foi ativado rapidamente, sem qualquer pendência, no sistema SICAR, o que chamou a atenção das autoridades. Há suspeitas de que documentos fraudulentos foram utilizados para obter essa aprovação, caracterizando fraude fundiária para viabilizar atividades minerárias ilícitas.

As autoridades também estão investigando a possibilidade de Jamil Amorim estar atuando como um “laranja”, supostamente a serviço de um grande investidor na mineração no Norte do Brasil, associado a uma das maiores distribuidoras de petróleo do país, com sede no Paraná. A investigação aponta que a GR Amorim, outra empresa do grupo administrada por Jamil, vendeu 462.000 toneladas de minério de manganês para uma empresa vinculada a esse investidor, apesar de ter autorização para vender apenas 60.000 toneladas anuais.

O vínculo entre as empresas envolve uma sociedade empresarial que inclui a criação da empresa SULPAR, sediada em Marabá, composta pela Alianca Investimentos LTDA, a Extrativa LTDA, cujo sócio representante é Giovanni Ribeiro Amorim, pai de Jamil, e a R.C. 6 Mineração LTDA. As atividades da organização estão sendo investigadas por supostas irregularidades ambientais, minerárias e fraudes fundiárias.

Posicionamento

Solicitamos um posicionamento de Giovanni Ribeiro de Amorim, através da Extrativa LTDA, uma das empresas do grupo citado. Aguardamos retorno.

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