Em meio ao abandono que marca boa parte dos casarões históricos do centro de Belém, um imóvel antigo ganhou nova vida. Totalmente restaurado, o casarão será disponibilizado para hospedagem durante a COP30, conferência da ONU marcada para novembro de 2025, oferecendo uma alternativa de acomodação que combina conforto e preservação do patrimônio arquitetônico.
O centro histórico de Belém é conhecido por abrigar centenas de construções dos séculos XIX e XX, período de grande prosperidade impulsionado pelo ciclo da borracha. No entanto, muitas dessas edificações enfrentam anos de descaso, com fachadas deterioradas, infiltrações, descaracterizações e até risco de desabamento.
A recuperação do casarão para a COP30 chama atenção por seu caráter simbólico e prático. O imóvel, construído há décadas por uma família local, passou por um processo de restauração que durou anos, com intervenções cuidadosas para devolver ao espaço suas características originais.
A proprietária do casarão é a artista plástica paraense Berna Reale, filha da antiga moradora. Segundo ela, a reforma foi feita aos poucos, com atenção a cada detalhe, e motivada pelo desejo de preservar a memória familiar.
“Era uma vontade que eu tinha e queria dar essa alegria para minha mãe. Ela prefere viver no meio da floresta, mas quando vem a Belém gosta de ver a casa bem conservada. Se os próprios moradores não cuidarem, o centro histórico vai acabar”, comentou a artista ao mostrar imagens do antes e depois do casarão.

Antes e depois do casarão
Mais do que um espaço de hospedagem, o casarão restaurado simboliza resistência cultural em meio à degradação urbana. O restauro mostra como iniciativas individuais podem desempenhar papel importante na valorização do patrimônio histórico, mesmo diante da falta de políticas públicas consistentes. “O centro histórico de Belém está abandonado pelo poder público, se os próprios moradores não cuidarem, ele vai acabar”, disse Berna, que custeou a reforma com o seu próprio dinheiro.
A restauração do casarão também oferece uma alternativa à polêmica em torno do alto custo da hospedagem durante a conferência, que tem sido alvo de críticas. Ao mesmo tempo, reforça a relevância da preservação de imóveis históricos, mostrando que a cidade ainda pode se preparar para receber o mundo sem abrir mão de sua identidade e memória arquitetônica.
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