A doação de órgãos é um gesto que transcende a dor da perda e se transforma em esperança para quem aguarda por uma nova chance de viver. No Pará, esse ato de generosidade acaba de marcar um momento histórico. Menos de dois meses após iniciar as atividades, o Hospital da Mulher do Pará (HMPA) protagonizou a primeira captação de órgãos para transplante.
“Com essa captação, vemos a concretização de um trabalho em rede, com a capacitação das equipes de saúde e médicos para identificar possíveis doações em menos de dois meses de atividade. Realizamos o diagnóstico, acolhemos a família — que concordou com a doação — e agora concretizamos a captação. Essa conquista reafirma nosso compromisso com uma medicina mais humana, centrada no cuidado integral e na valorização da vida”, destacou a diretora-geral do HMPA, médica intensivista Nelma Machado, à Agência Pará.
Falar sobre doação de órgãos ainda é um desafio em muitas famílias, mas a conscientização é fundamental para transformar vidas. Informar, dialogar e respeitar as decisões são passos essenciais para que mais pessoas entendam a importância desse gesto. No Pará, ações de sensibilização têm ganhado força, com campanhas educativas e capacitação de profissionais de saúde.
“É um marco, porque sabemos que a doação é um ato de amor. Estamos trabalhando em rede para orientar e apoiar nesse momento tão sensível, incentivando as pessoas a conversarem com seus familiares sobre o desejo de serem doadoras. Isso faz com que, em momentos como este, outras famílias possam receber a chance de tirar um ente querido da hemodiálise, de um transplante de fígado ou de uma fila de córnea. A doação de órgãos é um ato tão grandioso que não conseguimos mensurar seu valor”, ressaltou Nelma Machado.
Perder alguém é uma dor imensurável, mas há famílias que, mesmo em meio ao luto, encontram força para transformar despedidas em gestos de amor. O momento da doação é delicado, carregado de emoção, mas também de generosidade. É quando a empatia fala mais alto e o sofrimento dá lugar à esperança — não apenas para quem se despede, mas para tantas outras vidas que podem recomeçar a partir dali.
“É um momento doloroso, porém gratificante. Estamos tendo a oportunidade de ajudar novas famílias, assim como fomos ajudados. Minha sobrinha passou quase três anos na fila e foi agraciada por uma família generosa, como agora somos nós que estamos aqui”, finalizou Roseneide Barbosa, familiar da doadora.
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