Diretora do Paysandu presenteia Michelle Bolsonaro com camisa em nome do clube e torcida repudia

Exclusivo: O debate que agita as redes sociais onde torcidas e torcedores se manifestam a ponto da diretora de responsabilidade social do Paysandu Sport Club, Simone Ettinger, "fechar" suas redes socais e mudar a legenda da foto em que aparece presenteando Michele Bolsonaro com uma camisa e a homenageando em nome do Paysandu. Torcedores cobram uma retratação.

Diretora de responsabilidade social do Paysandu Sport Club presenteando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com uma camisa do Paysandu.
Diretora de responsabilidade social do Paysandu Sport Club presenteando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com uma camisa do Paysandu. Foto: Reprodução/Redes sociais.

Por Jorginho Neves, colunista

Uma grande polêmica tomou conta das redes sociais desde o último sábado (21), quando a diretora de responsabilidade social do Paysandu Sport Club, Simone Ettinger, publicou em suas redes sociais uma sequência de fotos presenteando a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com uma camisa do clube em um encontro de lideranças do PL Mulher, que foi realizado na manhã deste sábado na capital paraense.

Na legenda, Simone, que é esposa do presidente do clube, Maurício Ettinger, publicou:

“Encontro de lideranças e Encontro do PL Mulher Belém, receber o convite para representar o @paysandu é uma honra. Aproveitamos para presentear a primeira dama Michele Bolsonaro com a camisa rosa da campanha outubro rosa”.

Após a publicação, vários torcedores do clube reagiram negativamente pelo fato da diretora de responsabilidade social usar o nome do clube. Na rede social X, antigo Twitter, torcedores alertaram para o estatuto do clube, que segundo o artigo 15 prevê:

As críticas dos torcedores se apoiam no Estatuto do Paysandu, onde podemos ler:

REAÇÃO E COBRANÇA POR RETRATAÇÃO

O grupo de torcedores intitulado “Movimento Paysandu Antifascista – Frente 1914” foi um dos primeiros a se manifestar contrário à exposição em nome do clube e divulgou a seguinte nota:

“Está circulando nas redes sociais a imagem com texto descritivo da Diretora de Responsabilidade Social do @paysandu, Simone Ettinger, presenteando Michele Bolsonaro, em uma ação partidária (PL) falando em nome do clube.

O clube do povo não pode ser favorável a morte de mais de 700.000 brasileiros, pela política assassina que não assistiu a população na situação de crise com a pandemia de COVID-19.O clube do povo não pode homenagear uma política de destruição ambiental, que destruiu territórios, matou a população indígena e ativistas; que deixou a “boiada passar” para garimpeiros e latifundiários.

O clube do povo não pode presentar uma política que esmagou as mulheres, que as vê como seres que merecem sofrer violências por serem “fraquejadas”.

O clube do povo não pode engajar quem odeia o povo!

Quem não amparou os mais vulneráveis.

O clube do povo não pode permitir que o nepotismo faça morada. Não pode permitir que fascistas sejam acolhidos e parabenizados.

É uma vergonha imensurável que o clube do povo, os seus dirigentes e diretores estejam contra o povo! Exigimos que o clube faça uma retratação pública e que possamos avançar para expulsar os fascistas de todos os espaços!”

Após a repercussão negativa, Simone Ettinger trocou a privacidade de sua rede social de pública para privada. O Portal Estado do Pará Online entrou em contato com Simone e a diretora alegou que foi infeliz ao citar o clube, editou a legenda, deixando claro que o posicionamento político é individual.

O Movimento Paysandu Antifascista – Frente 1914

O movimento de antifascistas que torcem para o Paysandu surgiu em 2018, no momento de uma das disputas políticas mais acirradas da história do país. A exemplo de torcedores de clubes do Brasil inteiro, o grupo de bicolores também sentiu a necessidade de levantar a bandeira da democracia em todos os espaços, incluindo o estádio, partindo do princípio da liberdade de torcer, o que significa não tolerar o direito de oprimir. A torcida tem como ideal lutar por um espaço futebolístico e uma sociedade sem as violências machistas, homofóbicas, racistas, LGBTQIA+fóbicas ou quaisquer opressões que se beneficiam da transformação da diferença em desigualdade.

O grupo realiza ainda atividades e ações que visam contribuir com a construção desse propósito. Seminários de formação, atividade de rua, cursos e atualmente estão na reta final da primeira temporada da Liga Antifascista Ulisses Manaças, que reúne vários coletivos de luta, numa competição que além de homenagear um grande dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), representa uma unidade que se pretende ir além do futebol.

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