A Polícia Civil do Pará instaurou um procedimento administrativo para apurar uma denúncia de violência doméstica envolvendo um delegado da instituição. A investigação interna foi aberta depois que a Justiça concedeu medidas protetivas à esposa do servidor, que também é delegada e atua na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), em Belém.
A decisão judicial determinou o afastamento imediato do investigado do lar, além da proibição de qualquer tipo de contato ou aproximação. Nos autos, a delegada relata quase 30 anos de convivência marcada por violência psicológica, moral e, mais recentemente, física. Apesar de trabalhar na DEAM, ela afirma que não havia denunciado o marido antes por dificuldades emocionais e receio de agravar o conflito.
Denúncia
Segundo o relato, as agressões dentro de casa eram recorrentes desde quando os filhos ainda eram pequenos. A vítima afirmou que o primeiro episódio de violência física ocorreu há cerca de 15 a 20 anos, durante uma viagem a Salinas, quando o marido teria tentado agredi-la dentro do carro, na presença dos filhos. O caso mais grave, porém, teria acontecido no dia 15 de novembro de 2025.
Na data, após uma discussão doméstica que evoluiu para um confronto entre o delegado investigado e o filho do casal, a delegada decidiu filmar a situação para tentar conter o comportamento do marido. Conforme a decisão judicial, o delegado avançou para tomar o celular, empurrou a esposa com força, rasgou seu vestido e a lançou contra o painel da televisão, causando escoriações. Em seguida, ele teria empurrado a vítima novamente, fazendo com que ela caísse e lesionasse o punho.
Um dos filhos presenciou o primeiro episódio, e a diarista viu o segundo. A delegada relatou ainda que o marido teria retido seu celular e apagado o vídeo gravado. O documento também descreve ameaças feitas ao filho, como a frase: “se tu dormir aqui hoje eu vou te dar um tiro”. O agressor também teria arremessado objetos, arrancado cabos de computador e afirmado que destruiria a árvore de Natal. Após ele se recolher ao quarto, a vítima deixou a casa com o filho e procurou atendimento policial.
Ao analisar o caso, o juiz de plantão considerou haver risco concreto à integridade física, psicológica e moral da delegada. Entre as medidas impostas estão o afastamento compulsório do lar, a proibição de aproximação a menos de 100 metros da vítima, familiares e testemunhas, além da proibição de contato por qualquer meio. O delegado também está impedido de frequentar a residência da vítima e sua academia, teve restringido o porte de arma fora do serviço e teve suspensas as procurações que a esposa havia concedido a ele.
A Polícia Civil informou que todas as determinações judiciais foram cumpridas e que a Corregedoria-Geral está responsável pela apuração da conduta do servidor. O procedimento administrativo segue em tramitação interna e judicial.
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