COP30 em Belém deve reunir maior delegação indígena da história - Estado do Pará Online

COP30 em Belém deve reunir maior delegação indígena da história

Governo brasileiro prepara acampamento na UFPA e articula presença de lideranças de todos os continentes para ampliar voz dos povos originários nas negociações climáticas.

Rafael Medelima / COP30

Com um acampamento capaz de receber até 3 mil pessoas, a COP30, que será realizada em novembro, em Belém, caminha para se tornar a conferência climática com a maior presença de povos indígenas da história. A estrutura, batizada de “Aldeia COP”, será montada na Universidade Federal do Pará e acolherá representantes do Brasil e de outros países.

Segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a meta é garantir credenciamento oficial para mil indígenas na chamada Zona Azul, onde ocorrem as negociações, metade deles brasileiros e metade estrangeiros. O restante deve acompanhar os debates na Zona Verde, voltada à sociedade civil.

“A gente tem discutido aqui junto à presidência um aumento para o credenciamento indígena, para que a gente tenha nessa COP a maior delegação indígena da história”, afirmou.

A estratégia inclui articulação direta com governos estrangeiros para que cada delegação oficial abra espaço a representantes originários. A mobilização é liderada pela Comissão Internacional de Povos Indígenas, que também organiza encontros preparatórios e cursos de formação, como o Programa Kuntari Katu, voltado a preparar lideranças para as negociações internacionais.

A presença massiva é vista como oportunidade única para pautar a defesa dos territórios tradicionais como ação efetiva contra a crise climática. “Nós trazemos a pauta da demarcação das terras como uma das medidas eficazes para o enfrentamento à crise climática, e os territórios como uma das formas de mitigar essa crise”, reforçou Guajajara.

Além das delegações brasileiras, há expectativa de participação expressiva de lideranças da Bacia Amazônica, que engloba nove países. Patricia Suárez Torres, representante indígena da região, alerta para a urgência do momento. “Temos esta COP como, talvez, uma das últimas esperanças para visibilizar e colocar na agenda mundial a situação que estamos vivendo na Bacia Amazônica. Estamos em um momento decisivo do ponto de não retorno”, disse.

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou que a inclusão dos povos indígenas está no centro das prioridades do evento. “É extremamente importante que nós possamos envolver vários grupos que já foram muito marginalizados na evolução da economia e da política mundial”, afirmou.

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