Consumo de peixe na gravidez pode reduzir risco de autismo; no Pará, hábito é quatro vezes maior que a média nacional

O estudo analisou dados de aproximadamente 4 mil participantes e avaliou o consumo de peixe em diferentes categorias.

Foto: Fernando Araújo/Ag. Pará

Comer qualquer quantidade de peixe durante a gravidez pode diminuir em cerca de 20% a probabilidade de um diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), especialmente entre crianças do sexo feminino.

Um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, identificou que o consumo regular de peixe por gestantes promove uma leve redução nas características associadas ao autismo nos filhos. O peixe é uma fonte crucial de ácidos graxos ômega-3, um nutriente essencial tanto para a saúde materna quanto para o neurodesenvolvimento infantil.

Apesar disso, os pesquisadores não encontraram a mesma relação entre o uso de suplementos contendo ômega-3 e a redução de casos de autismo. Cerca de 25% das gestantes que participaram da pesquisa relataram nunca consumir peixe ou comer menos de uma vez por mês durante a gravidez. Ainda menos relataram o uso de suplementos de óleo de peixe.

O estudo analisou dados de aproximadamente 4 mil participantes e avaliou o consumo de peixe em diferentes categorias, desde menos de uma vez por mês até duas ou mais porções semanais. Os resultados indicaram que o consumo de peixe, independentemente da frequência, foi associado a uma menor probabilidade de diagnóstico de autismo entre os filhos.

Consumo de pescado no Pará é quase quatro vezes maior que a média brasileira

No Pará, o consumo de peixe é um hábito cultural profundamente enraizado e muito superior à média nacional. Enquanto no Brasil o consumo médio é de 2,8 kg de pescado por habitante, no Pará esse número chega a 11,1 kg/habitante — quase quatro vezes mais. A produção pesqueira do Estado acompanha essa demanda elevada, com destaque para o tambaqui, que foi o peixe mais produzido em 2022, somando 8 mil toneladas.

Esses números estão detalhados na nota técnica “Pesca paraense 2023”, elaborada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

A pesquisa oferece um panorama da atividade pesqueira no Pará e busca preencher lacunas de dados, uma vez que os estudos sobre pesca extrativa no Brasil não são atualizados desde 2011, prejudicando a formulação de políticas públicas no setor.

Leia também: