Cívico-militar ou ensino integral: formatura do filho de Helder reacende debate - Estado do Pará Online

Cívico-militar ou ensino integral: formatura do filho de Helder reacende debate

Caso coloca em evidência contrastes entre controle disciplinar rígido e propostas de formação ampliada

Reprodução/Redes Sociais

O filho do governador do Pará, Helder Barbalho, concluiu o ensino médio no Colégio Militar de Belém (CMBel), escola cívico-militar da rede do Exército, segundo publicações em redes sociais da família e da instituição.

A formatura reacendeu o debate sobre o papel e os resultados desse modelo no país.

Comparação entre modelos

Especialistas apontam que os estudos sobre o desempenho de escolas cívico-militares apresentam resultados divergentes. Em alguns estados, pesquisas indicam ganhos em notas, redução de evasão e melhora na segurança escolar após a adoção do modelo.

Em outros levantamentos, contudo, pesquisadores destacam que não há consenso de que essas escolas tenham desempenho superior ao das redes regulares quando se consideram fatores como perfil socioeconômico dos alunos, infraestrutura e investimento por estudante.

Análises acadêmicas e relatórios de entidades educacionais indicam que parte dos resultados positivos pode estar associada a maior orçamento, melhor estrutura física e seleção indireta de estudantes, e não apenas à presença militar na gestão.

Ao mesmo tempo, redes que priorizam tempo integral, formação docente contínua e políticas pedagógicas estruturadas também registram avanços consistentes em indicadores de aprendizagem.

Há ainda apontamentos sobre impactos na diversidade social. Segundo especialistas, a militarização pode gerar ambientes menos abertos a comportamentos, identidades e expressões culturais diversas, reforçando padrões de conformidade e afetando o modo como a escola lida com diferentes trajetórias estudantis.

Críticas ao modelo cívico-militar

Relatórios de entidades de educação e de direitos humanos registram críticas a práticas disciplinares consideradas excessivas e ao uso de profissionais sem formação pedagógica na gestão da rotina escolar.

Para estudiosos, esse desenho pode afetar a autonomia docente e o acolhimento à diversidade estudantil, especialmente em casos de estudantes LGBTQIA+ ou de grupos historicamente vulnerabilizados.

Pesquisadores afirmam que a visão militarizada, baseada em hierarquia e padronização comportamental, não dialoga plenamente com a complexidade do ambiente escolar, que envolve pluralidade social, desenvolvimento socioemocional e estímulo ao pensamento crítico.

Nesse cenário, a trajetória de estudantes que concluem o ensino médio em escolas cívico-militares, como no caso do filho do governador, acaba servindo de ponto de partida para reavivar o debate sobre quais modelos educacionais devem orientar as políticas públicas de longo prazo.

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