Cientistas de vários países reforçaram, nesta segunda-feira (17), que o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) representa uma iniciativa estratégica e necessária dentro do conjunto de soluções para enfrentar a crise climática global. “Estamos torcendo muito para o TFFF ser efetivado de fato”, afirmou Carlos Nobre, professor da cátedra de clima e sustentabilidade e copresidente do Painel Científico para a Amazônia.
A declaração de Nobre foi feita logo após a apresentação de um documento conjunto assinado por pesquisadores internacionais, que será entregue às delegações dos 194 países participantes da COP30, além da União Europeia. O texto também recebeu apoio de ativistas, povos indígenas, lideranças políticas e empresariais.
Segundo Nobre, a comunidade científica tem a missão de “transmitir o que está acontecendo” e demonstrar que soluções baseadas na natureza são indispensáveis. Ele destacou a necessidade de reduzir drasticamente o uso de combustíveis fósseis, garantir o cumprimento do “fundo verde” de US$ 1,3 trilhão definido em Baku e proteger todos os biomas, reforçando a responsabilidade compartilhada entre as nações.
A seguir, os principais pontos apresentados na declaração dos cientistas da Planetary Science:
A COP30 precisa atuar para garantir a estabilidade dos dois biomas mais biodiversos do planeta — a floresta amazônica e os recifes de corais tropicais. Com apenas cinco dias restantes de negociações, cientistas, ativistas, povos indígenas e lideranças de diversos setores pedem aos chefes de delegações que apresentem um roteiro claro para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e assegurar a proteção das florestas tropicais.
O alerta é reiterado há décadas: a Amazônia e os recifes de corais enfrentam pressões insustentáveis. Nos últimos dois anos, a floresta passou por uma das piores secas da história, situação agravada em 30 vezes pela influência humana nas mudanças climáticas. A região também registrou o maior número de incêndios em quase 20 anos — mais de 140 mil —, a maioria de origem humana, destruindo milhões de hectares, emitindo grandes quantidades de carbono e prejudicando severamente a saúde das populações.
Essa combinação entre emissões de combustíveis fósseis e desmatamento empurra a Amazônia em direção a um ponto de não retorno. Com a degradação acelerada, áreas inteiras deixam de absorver carbono e passam a emitir o gás, comprometendo o equilíbrio climático global.
Os recifes de corais — habitat de um terço de toda a vida marinha — vivem situação semelhante. Entre 30% e 50% desses ecossistemas já foram perdidos, e nos últimos três anos mais de 80% sofreram branqueamento severo, resultado do aquecimento e da acidificação dos oceanos. O colapso dos recifes ameaça a subsistência de inúmeras comunidades costeiras.
Neste fim de semana, moradores de Belém levaram essa mensagem às ruas em uma grande mobilização durante a COP30. “A perda dos recifes e a degradação da Amazônia afetam a todos nós. Aqui na Amazônia, a COP30 deve conceber um esforço global para proteger a vida em todas as suas formas”, afirma o documento. A recomendação final dos cientistas é clara: os países precisam apresentar planos concretos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, deter o desmatamento e reverter a destruição florestal, mantendo firme o compromisso da “missão 1.5°C”.
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