Bayer demite 12 mil e enfrenta investigação por contaminação no Pará - Estado do Pará Online

Bayer demite 12 mil e enfrenta investigação por contaminação no Pará

Casos de peixes com carne deteriorada no rio Cristalino levantam suspeitas sobre uso de defensivos agrícolas na região.

A Bayer anunciou na última quarta-feira (6) a demissão de 12 mil funcionários em tempo integral como parte de um plano de reestruturação global. A medida, confirmada pela agência Reuters, ocorre em meio à forte pressão financeira e jurídica provocada pelas ações judiciais contra o herbicida Roundup, cujo ingrediente ativo é o glifosato. O produto foi adquirido pela companhia alemã em 2018, junto com a Monsanto, por US$ 63 bilhões.

A compra, que buscava consolidar a liderança da Bayer no mercado agroquímico, acabou gerando um passivo bilionário, com queda de cerca de 80% no valor de mercado e mais de 67 mil processos nos Estados Unidos. Consumidores associam o glifosato a riscos de câncer, e mesmo com pareceres favoráveis da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, tribunais têm aplicado indenizações milionárias contra a empresa.

No Brasil, e especialmente no Pará, denúncias trazem a polêmica para a realidade amazônica. Moradores da Vila Cristalino, no distrito de Santana do Araguaia, relatam encontrar peixes com manchas, pele e carne se desfazendo no rio Cristalino. Segundo o vereador Professor Jardel, até peixes vivos apresentam carne deteriorada internamente, algo inédito para os ribeirinhos.

Autoridades estaduais e municipais visitaram o local, e o secretário de Meio Ambiente, Cleiton Carvelli, prometeu o envio de equipes técnicas para coletar amostras e investigar a origem da contaminação. Moradores apontam ligação direta com o uso intenso de defensivos agrícolas, incluindo o Roundup, aplicado também por aeronaves, o que poderia ampliar o alcance da contaminação.

Enquanto a Bayer busca soluções jurídicas na Europa e nos EUA — como um possível acordo coletivo ou até o recurso ao Chapter 11 para a subsidiária Monsanto — comunidades amazônicas aguardam respostas. O caso evidencia que as consequências do uso de agroquímicos ultrapassam fronteiras e podem afetar ecossistemas e populações distantes dos grandes centros.

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