Bagagem gratuita de até 23kg pode voltar aos voos brasileiros; entenda o que muda com o projeto aprovado - Estado do Pará Online

Bagagem gratuita de até 23kg pode voltar aos voos brasileiros; entenda o que muda com o projeto aprovado

O projeto também prevê o despacho gratuito de bagagem, a proibição do cancelamento automático da volta e o fim da cobrança por assentos padrão.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (28) o projeto de lei que restabelece o despacho gratuito de bagagem de até 23 quilos em voos nacionais e internacionais operados no Brasil. O texto, que altera o Código Brasileiro de Aeronáutica, segue agora para votação no Senado Federal.

A proposta foi aprovada por ampla maioria — 361 votos a favor e 77 contra — e inclui uma emenda do deputado Alex Manente (Cidadania-SP) ao Projeto de Lei 5041/25, de autoria do deputado Da Vitoria (PP-ES).

Segundo Manente, desde 2017, quando a cobrança pelas malas despachadas foi autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), as companhias aéreas faturaram cerca de R$ 5 bilhões, sem que houvesse redução nos valores das passagens.

O que muda com o novo texto

Com a aprovação, o passageiro passa a ter direito a despachar gratuitamente uma bagagem de até 23 kg em voos domésticos, além de levar uma mala de mão de até 12 kg e uma bolsa ou mochila sob o assento.

Atualmente, o regulamento da Anac prevê apenas 10 kg de franquia para bagagem de mão, sem garantia de gratuidade no despacho. Cada empresa define, em contrato, as dimensões e a quantidade de volumes.

Outra novidade é que, caso a bagagem de mão não caiba no bagageiro da cabine, o despacho deverá ser feito sem custo adicional — prática que antes ficava a critério das companhias.

As regras sobre transporte de bagagem deverão ser divulgadas de forma clara nos canais de venda, conforme determinação do texto.

🧳 Como é hoje / Como fica com o novo projeto

SituaçãoComo é hojeComo fica com o projeto
Despacho de bagagemCobrado separadamente pelas companhias desde 2017.Gratuito para uma mala de até 23 kg em voos nacionais.
Bagagem de mãoFranquia de 10 kg definida pela Anac.Franquia ampliada para 12 kg, além de uma bolsa ou mochila sob o assento.
Bagagem que não cabe na cabinePode ser cobrada ao ser despachada.Despacho obrigatório e gratuito.
Cancelamento por “no show”Trecho de volta pode ser cancelado se o passageiro não embarcar na ida.Cancelamento proibido sem autorização do passageiro.
Marcação de assento padrãoCobrança adicional permitida pelas empresas.Proibida a cobrança em voos nacionais e internacionais operados no Brasil.
Passageiro com assistência especialDireito a assistência, mas sem garantia de assentos extras gratuitos.Até dois assentos adicionais gratuitos, quando necessários.
Atos de indisciplina a bordoCompanhias podem recusar venda de passagem por 12 meses.Restrição passa a valer para o transporte; dados do passageiro serão compartilhados entre as empresas.

Outras mudanças

Cancelamentos (“no show”)
O texto proíbe que companhias cancelem automaticamente o trecho de volta quando o passageiro não embarcar na ida. A prática, considerada abusiva, foi alvo de uma emenda da deputada Renata Abreu (Pode-SP), aprovada com 445 votos favoráveis e 10 contrários.

“Quem pagou ida e volta deve ter o direito de usar o que comprou”, defendeu a deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

Assentos padrão
A emenda do deputado Otto Alencar Filho (PSD-BA) proíbe a cobrança adicional pela marcação de assento padrão, tanto em voos domésticos quanto internacionais. “Daqui a pouco vamos ter que pagar até pela água no avião”, ironizou a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).

Assistência especial
Para passageiros com deficiência ou que necessitem de suporte técnico, as companhias deverão garantir até dois assentos adicionais gratuitos, conforme as normas da Anac.

Indisciplina a bordo
Em casos de atos gravíssimos de indisciplina, as companhias poderão impedir o transporte do passageiro por até 12 meses. Além disso, os dados de identificação do infrator serão compartilhados entre as empresas.

Debate no plenário

Durante a votação, o líder da Maioria, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criticou as companhias aéreas por não cumprirem a promessa de reduzir preços após a cobrança das bagagens. “Essa história de crise permanente no setor não é uma verdade absoluta”, disse.

Já o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) classificou as empresas como responsáveis por serviços “de péssima qualidade” e custos crescentes.

Os parlamentares do Novo votaram contra a proposta. Para Marcel van Hattem (Novo-RS), o projeto limita a liberdade do consumidor e pode encarecer as passagens. “Se todos tiverem direito ao despacho gratuito, o custo será repassado”, argumentou.

Próximos passos

Agora que o texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto segue para análise do Senado Federal. Caso também seja aprovado pelos senadores, ele precisará ser sancionado pelo presidente da República para entrar em vigor. Somente após a sanção e a publicação no Diário Oficial da União é que as novas regras — como o despacho gratuito de bagagem, a proibição do cancelamento automático da volta e o fim da cobrança por assentos padrão — passarão a valer na prática.

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