Ativista do GAPE desaparece após agressão em área alvo de disputa em Belém - Estado do Pará Online

Ativista do GAPE desaparece após agressão em área alvo de disputa em Belém

Pedro Paulo, de 61 anos, foi agredido no sábado (3) por supostos envolvidos em esquema de especulação imobiliária; desde terça (6), não há notícias sobre seu paradeiro

Enquanto a COP 30 impulsiona o debate ambiental no Brasil, em Belém, a violência silencia uma das vozes mais antigas na defesa das áreas verdes da cidade. O ativista Pedro Paulo de Moraes Lima, de 61 anos, está desaparecido desde a madrugada da última terça-feira (6), após ter recebido alta médica no dia anterior. Ele havia sido internado com fraturas e hematomas provocados por agressões sofridas dentro da Associação Sócio Cultural Bela Vista, onde atuava com o grupo GAPE — Guardiões e Amigos dos Parques Ambientais.

Documentos oficiais da Polícia Civil do Pará, aos quais o Estado do Pará Online (EPOL) teve acesso, confirmam que o caso foi registrado como lesão corporal dolosa. A requisição de exame traumatológico descreve que Pedro Paulo apresentava hematomas nos braços e nas costas, provocados por chutes e pancadas desferidas por um homem identificado como Thiago, durante a tentativa de tomada do espaço por um grupo ainda não identificado formalmente, mas apontado em denúncias como ligado à especulação imobiliária.

A agressão ocorreu no dia 3 de maio, sábado. Dois dias depois, Pedro foi liberado do atendimento hospitalar e retornou à sua residência. Desde então, não há informações sobre seu paradeiro. Ativistas e moradores do entorno relatam medo e denunciam que o desaparecimento está diretamente relacionado ao conflito por território dentro e nas proximidades do Parque Ecológico Gunnar Vingren, localizado entre os bairros da Marambaia e Val-de-Cães.

O parque, que tem mais de 400 mil metros quadrados de área verde, está há anos abandonado pelo poder público e tem sido alvo de descarte de lixo, corte de árvores sem licença e supostas vendas ilegais de terrenos. Parte das terras, segundo o próprio GAPE, teria sido vendida de forma irregular por antigos dirigentes do Conjunto Bela Vista, com valores que ultrapassariam R$ 20 milhões. O local sofre com degradação acelerada e ausência de fiscalização.

Autoridades do Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Meio Ambiente, acompanham as denúncias feitas pelos ativistas e já emitiram recomendações à Prefeitura de Belém, anos atrás, para que sejam tomadas medidas urgentes de proteção, incluindo o cercamento da área e a apresentação de um plano de manejo.

Membros do GAPE, entre eles os ativistas Flávio Trindade e Marco — primo de Pedro —, têm feito apelos nas redes sociais pedindo informações sobre o paradeiro do líder desaparecido. “Ele foi ameaçado e agredido. Avisamos às autoridades, inclusive à OAB e ao Ministério Público, que havia risco à sua vida. Agora, ele sumiu”, declarou Trindade, em vídeo publicado nesta sexta-feira.

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