Ambulâncias pagas e nunca entregues: Santarém enfrenta crise no SAMU e MPF apura contrato suspeito

População de mais de 330 mil habitantes depende de apenas três ambulâncias do SAMU; compra de veículos nunca entregues segue sem resposta das autoridades.

Agência Santarém

Santarém, uma das principais cidades do interior do Pará, conhecida por sua beleza natural e potencial turístico, enfrenta um drama silencioso na área da saúde pública. Enquanto milhares de moradores dependem de atendimento emergencial público, ambulâncias compradas com dinheiro do município não são entregues.

O portal Estado do Pará Online (EPOL) recebeu com exclusividade a denúncia de que o município de Santarém dispõe atualmente de apenas três ambulâncias operando pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), enquanto três novas unidades compradas em 2023 por quase R$ 1 milhão — com emenda parlamentar do deputado federal Henderson Pinto (MDB) — nunca foram entregues. O caso está sob investigação do Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com denúncia recebida, a aquisição foi feita na gestão do ex-prefeito Nélio Aguiar (MDB) — atual secretário regional de governo do Baixo Amazonas — com pagamento antecipado de R$ 918 mil à empresa CKS Veículos Especiais LTDA, que acumula 24 processos judiciais em diversos municípios. Até hoje, os veículos não chegaram ao município.

Apesar do histórico negativo da CKS, a gestão do ex-prefeito e da então secretária de saúde autorizou o pagamento antecipado à empresa. Não há registro de medidas posteriores da Prefeitura para reaver o valor pago, tampouco do deputado autor da emenda.

Além das três ambulâncias principais (uma de suporte avançado e duas básicas), o SAMU de Santarém opera com duas motolâncias na região do Cristoval, duas ambulâncias em Alter do Chão e outras duas na área urbana. Ainda assim, o número é considerado insuficiente para atender à demanda crescente da cidade e suas áreas adjacentes.

Chamam atenção as ausências de posicionamento por parte da atual gestão municipal, comandada por Zé Maria Tapajós (MDB), que não respondeu aos questionamentos do EPOL sobre medidas para recuperar o valor investido ou os veículos. Outro ponto grave é o desaparecimento das informações de 2024 do Portal da Transparência da prefeitura.

Expostas publicamente durante audiência realizada no último dia 29 de maio, as denúncias foram levadas ao Ministério Publico Federal (MPF). Em nota enviada ao EPOL, o MPF informou que diante das publicações recentes sobre eventuais irregularidades nessa contratação, o MPF instaurou, na última sexta-feira (6), apuração sobre o tema, acrescentando que novas informações serão divulgadas após as deliberações iniciais.

Procurada pela reportagem, a empresa CKS Veículos Especiais LTDA não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria. O espaço permanece aberto para manifestações da empresa e da prefeitura de Santarém.

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