Ao longo de quase dois anos, 19 adolescentes foram baleados na Região Metropolitana de Belém, sendo que oito deles foram feridos durante operações policiais. O dado alarmante faz parte de um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, organização especializada na coleta e análise de dados sobre violência armada.
Entre os adolescentes atingidos por disparos desde novembro de 2023, 14 perderam a vida e cinco sobreviveram. Quase metade das ocorrências (42%) envolveu diretamente ações ou operações das forças de segurança
O caso mais recente ocorreu no bairro do Aurá, em Ananindeua, na última quinta-feira (7). Um jovem de 16 anos foi baleado enquanto estava algemado, com as mãos para trás. A ocorrência aconteceu nas proximidades do final da linha do Aurá e se deu durante uma intervenção policial.
Em 2025, seis adolescentes com idades entre 12 e 17 anos foram baleados na Grande Belém. Desses, cinco morreram e apenas um resistiu aos ferimentos. Em quatro desses casos — o equivalente a 67% — houve envolvimento direto de operações policiais.
Os números gerais de baleados na região também são expressivos. Desde 4 de novembro de 2023, foram registradas 1.078 pessoas atingidas por tiros na Grande Belém. Destas, 832 morreram e 246 ficaram feridas. As forças de segurança foram responsáveis por 43% dessas ocorrências.
Somente neste ano, já são 304 pessoas baleadas na região metropolitana, das quais 242 não resistiram. Em ações policiais, foram 145 vítimas, sendo 123 mortos e 22 feridos — o que corresponde a quase metade dos casos registrados em 2025 (48%).
O Instituto Fogo Cruzado atua com uma metodologia própria baseada no uso de tecnologia e dados abertos para monitorar a violência armada em diferentes regiões do país. Atualmente, o instituto mantém cobertura sobre as áreas metropolitanas do Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belém.
As informações reunidas pelo Fogo Cruzado são validadas em tempo real e disponibilizadas por meio de um aplicativo gratuito. Esses dados integram o único banco de dados aberto sobre tiroteios na América Latina e estão acessíveis ao público via API e relatórios mensais produzidos pela organização.
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