A xenofobia é o retrato do não conhecimento, afirma Dira Paes em debate sobre ‘Parságada

Durante a interação com os fãs que prestigiaram o filme, Dira falou sobre o surgimento de sua trajetória como diretora e as inspirações para a produção de Parságada

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A atriz e roteirista abaetetubense Dira Paes participou de um bate-papo na noite de hoje no Cine Líbero Luxardo, no Centur. O evento aconteceu nesta quarta-feira (9) e contou com uma sessão-debate sobre o longa Parságada, que marca a estreia da artista paraense como diretora e roteirista. A sessão teve início às 19h e, após a exibição do filme, houve uma conversa com Dira Paes, mediada pela cineasta paraense Jorane Castro, que também é sua prima.

Durante a interação com os fãs que prestigiaram o filme, Dira falou sobre o surgimento de sua trajetória como diretora e as inspirações para a produção de Parságada.

“Eu comecei a assistir muitos filmes, mesmo antes de querer fazer o nosso próprio projeto. Na pandemia, comecei a devorar filmes. Quando comecei a pensar no filme, eu sabia que teria uma limitação geográfica e orçamentária. Sabia que não poderia ter um elenco grande, então escrevi um roteiro do tamanho do que eu sabia que conseguiria realizar. Me inspirei em filmes que exploram a solidão, com protagonistas femininas no cinema. Foram várias influências, tanto de filmes brasileiros quanto de fora do Brasil.

Filmes como A Piscina, sobre uma escritora que vai para uma ilha escrever, me influenciaram. Mas eu quis fugir dessa temática, de uma escritora, pois essa profissão já foi muito retratada no cinema. Outras influências incluem o filme Arábia, que traz um tempo cinematográfico que quase parece um documentário, mas não é, e causa uma inquietação. Esse tipo de filme me impactou muito.

Apesar dessas influências, há também uma praticidade na escolha. No próximo filme, quero ousar mais, algo mais substancial, sem tantas amarras, com locações amplas e uma liberdade maior na produção.”

Dira Paes também comentou sobre o impacto da pandemia em sua inspiração:

“Comecei a ter uma obsessão por esse projeto no final de 2019 e início de 2020. A pandemia nos confinou, e quem não sonhou com um paraíso próprio? Foi daí que o poema de Parságada veio à minha mente. Ao mesmo tempo, comecei a observar a natureza, os pássaros, e foi aí que a ideia da profissão da personagem surgiu. Fiz uma pesquisa e descobri que o tráfico de animais silvestres é o terceiro maior tráfico internacional do mundo, sendo 80% composto por pássaros. Isso me impactou e acabou moldando a história.”

Finalizando a conversa, Dira refletiu sobre o momento de maturidade que vive e seu desejo de experimentar coisas novas:

“Veio uma sensação de maturidade e um desejo de fazer o que eu nunca fiz. A pandemia trouxe esse sentimento de urgência, como se o fim fosse amanhã. Me fez querer produzir, agregar pessoas, e explorar o que eu nunca havia pensado em fazer.”

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