A intervenção de Michele Bolsonaro na rápida e turbulenta passagem de Aurélio Goiano pelo PL

Aurélio era filiado ao PL desde agosto de 2023 e depois de ter assumido a presidência municipal do partido, recebeu o "fogo amigo" que o retirou do cargo. Ele tem até o dia 05 de Abril, data final da janela partidária para encontrar um novo partido e seguir sua pré-campanha rumo à prefeitura de Parauapebas, onde o jogo pelo poder é pesado e envolve muito dinheiro.

Aurélio Goiano Jair e Michele Bolsonaro

O pré-candidato que lidera todas as pesquisas a prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano está sem partido. Depois de uma carreira no rádio e na tv, Aurélio foi eleito pela primeira vez como vereador do município considerado a “Capital do Minério”, em 2020. Obtendo 1.508 votos, ficou em 11º lugar entre os 15 Vereadores eleitos. Filiou-se ao PL e assumiu a presidência do partido em Parauapebas, mas uma fofoca imoral chegou aos ouvidos da ex-primeira dama, Michele Bolsonaro e ela articulou para que o bolsonarista fosse defenestrado da legenda que ela e o marido dividem o comando com Valdemar Costa Neto.

Apesar da importância do município de Parauapebas, os deputados federais do PL, Éder Mauro, Joaquim Passarinho e Delegado Caveira não se pronunciaram a respeito do afastamento do pré-candidato que lidera as pesquisas no município.

Na última quarta-feira, Aurélio Goiano exibiu um vídeo em que aparece conversando com o ex-presidente Jair Bolsonaro via chamada de vídeo. Bolsonaro disse ao vereador: “Vamos com muita calma e traquilidade..Vamos ganhar essa prefeitura aí, cara!”

Na tarde deste sábado (23), Aurélio Goiano gravou um vídeo e postou em suas redes sociais falando sua versão sobre seu afastamento da presidência e que no final ele chora ao dizer que é vítima de uma injustiça, tendo suas filhas as que mais sofrem pela perseguição política por fazer oposição ao governo de Darci Lermer (MDB), que ele acusa de ser cheio de “falcatruas e roubalheiras”.

Além da acusação de estupro de uma adolescente e cometer violência contra sua ex-esposa, a carreira política de Aurélio Goiano é marcada por polêmicas, culminando no afastamento e na recente retomada do seu mandato, que faz uma contundente e quase que única oposição ao prefeito Darci Lermem, que está concluindo seu 4ª mandato e indica como seu sucessor, o presidente da Câmara Municipal de Parauapebas, Rafael Ribeiro (MDB), o qual por sua vez recebeu o apoio do PT. Com o apoio da máquina municipal, Rafael tem 15,5% das intenções de voto, ocupando a segunda posição entre os pré-candidatos anunciados até aqui.

A liderança de Aurélio Goiano sempre incomodou o prefeito Darci Lermer e o governador Helder Barbalho, que alertou sua base de apoio para que se unissem em torno de uma só candidatura, mas não foi atendido. Além de Rafael, o vereador Brás mantém sua pré-candidatura e pontua com 8,2% das intenções de voto, ocupando a terceira posição na pesquisa DOXA.

Assim, Aurélio Goiano vem sendo observado de perto pela cúpula política, judicial e empresarial, que conhece o volume de recursos que a produção mineral trás todos os anos aos cofres da prefeitura de Parauapebas.

O possível impedimento para que Aurélio Goiano siga como pré-candidato conta para além das forças ocultas, que agem para encontrar “soluções” rápidas e efetivas, conta também com o racha entre as lideranças bolsonaristas no Pará, que duelam em Paraupebas e outros municípios, na busca pela hegemonia e acabam produzindo o que chamam de “fogo amigo”.

E foi justamente esse “fogo amigo” que levou a presidente municipal do PL Mulher, Cyntia Lima, ir até Brasília levar um dossiê contra Aurélio Goiano, que parou nas mãos de Michele e Jair Bolsonaro. Com fortes e graves acusações de práticas imorais contra a “família tracional brasileira”, o documento provocou o imediato afastamento do candidato do PL, onde ele detinha o comando do Diretório Municipal do partido, que agora se encontra vago e Aurélio busca um novo partido para chamar de seu.

A guerra entre deputados federais e estaduais do PL faz estragos desde as eleições de 2022 para cá e pode fazer o partido de Jair e Michele Bolsonaro sangrar ainda mais no Pará.

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