A derrota do MDB em Monte Alegre e os sinais para Helder Barbalho

Com diversas irregularidades nos mandatos dos ex-prefeitos do MDB de Monte Alegre, os crimes eleitorais cometidos por eles fez com a Justiça Eleitoral determinasse a realização de eleições suplementares no município. A população foi às urnas no último domingo e deu um basta ao grupo político ligado à família do governador Helder Barbalho.

Foto com as fotos de Júnior Hage e Helder Barbalho
Júnior Hage e Helder Barbalho. Foto: Reprodução

Por José Piteira*

Passada uma semana da eleição suplementar no município de Monte Alegre, no oeste do Pará, a leitura óbvia e convincente é: a população deu um sonoro e inequívoco NÃO à administração local, comandada pelo MDB.

A vitória de Júnior Hage (PP) se deu menos por méritos próprios (efetivamente, nenhuma proposta significativa e relevante foi apresentada) e mais como repúdio ao quatro vezes prefeito Jardel Vasconcelos (MDB), que tentou eleger a esposa e ex-deputada Josefina Carmo (MDB). Mas, na opinião dos cidadãos locais, a gota d’água foi a indicação e eleição de Matheus Almeida para prefeito (2021-2024), que acabou cassado por conta de tantas e tamanhas irregularidades administrativas e também por explícitas práticas vedadas cometidas por Jardel, na campanha eleitoral de 2020, no intento de elegê-lo.

Considerando Jardel culpado pelo desastre administrativo em que desaguou a gestão de Matheus Almeida, a direção do partido barbalhista tratou a candidatura de Josefina a pão e água. Com apenas 23,9% dos votos válidos, a candidata do MDB sofreu uma derrota inevitável e acachapante – o vencedor teve 51,32% dos votos.

O desastre de hoje representa dor de cabeça para 2026. O vencedor Júnior Hage é seguidor de carteirinha do atual prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), do qual foi secretário municipal até o final de maio passado. O inimigo nº 1 do governador Helder Barbalho injetou apoio ostensivo na campanha de Júnior Hage, o que agigantou ainda mais a sua candidatura e debilitou de vez as chances de Josefina Carmo. O antes liliputiano virou Golias e massacrou o MDB.

Em Monte Alegre, com 51 mil eleitores, a campanha de 2026 promete um cenário complicado para o MDB e ao governador Helder Barbalho.

*José Piteira é jornalista e ambientalista paraense.

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