O município de Cumaru do Norte, localizado no sudeste do Pará, foi identificado como o mais violento da Amazônia Legal e do estado do Pará, de acordo com o estudo “Cartografia das Violências na Amazônia” divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quarta-feira (11). Com uma taxa de 141,3 mortes por 100 mil habitantes, a cidade apresenta um crescimento significativo na violência letal, com um aumento de 25% entre 2022 e 2023, enquanto a região amazônica, no mesmo período, registrou uma redução geral de 14,9%.
A violência em Cumaru do Norte é amplamente atribuída a conflitos fundiários e ao garimpo, que desempenham um papel central na dinâmica econômica e social da região. O município tem 12% da Terra Indígena Kayapó dentro de seus limites, abrigando mais de quatro mil indígenas, o que contribui para a intensificação dos conflitos. A extração de madeira e a exploração de recursos naturais na terra indígena também exercem forte pressão sobre a região, frequentemente resultando em tensões e violência. Um exemplo recente ocorreu na última sexta-feira (6), quando Kamila de Jesus Oliveira foi assassinada com um tiro na cabeça na área conhecida como “garimpo do Santino”.
Com 14.036 habitantes, segundo o Censo de 2022, Cumaru do Norte foi fundado em 1991 em torno de um garimpo de ouro, que continua sendo o principal motor econômico da cidade. A estrutura local inclui até mesmo uma pista de pouso, que facilita a logística da exploração mineral. No entanto, essa atividade econômica, que atraiu trabalhadores e assentou a população no município, também é responsável por grande parte das disputas e problemas sociais. Além de Cumaru do Norte, outros municípios paraenses, como Abel Figueiredo, Mocajuba e Novo Progresso, estão entre os mais violentos da Amazônia Legal, destacando a vulnerabilidade do estado.
A complexidade da violência em Cumaru do Norte reflete a fragilidade da governança em áreas de conflito e a ausência de fiscalização efetiva sobre atividades ilegais. A proteção das terras indígenas e o combate à exploração predatória são desafios urgentes, que exigem uma articulação entre governos estaduais e federal para promover segurança e alternativas econômicas sustentáveis na região.
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