O Pará lidera entre os estados com maior percentual de municípios que ainda utilizam lixões

A Região Norte enfrenta desafios na destinação de resíduos sólidos, com mais de 80% dos municípios paraenses descartando lixo de forma convencional.

Em Belém do Pará há um lixão chamado Lixão do Aurá.

Mesmo após 14 anos da criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o Pará aparece como um dos estados com os maiores índices de municípios que utilizam lixões para a destinação de resíduos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2024 , do IBGE, 82,6% das cidades paraenses ainda adotam essa prática, colocando o estado ao lado de Amazonas (91,9%), Maranhão (86,2%) e Roraima (85, 7%) na lista dos piores desempenhos.

A PNRS, instituída em 2010, prevê o fim dos lixões até 2020. Entretanto, dificuldades econômicas e estruturais levaram à prorrogação do prazo para cidades menores até agosto de 2024. Apesar disso, os números mostram que a substituição dos lixões por aterros sanitários ainda é um desafio significativo para os municípios do estado e da região.

Cenário nacional

No Brasil, 31,9% das cidades ainda utilizam lixões , evidenciando desigualdades regionais no gerenciamento de resíduos sólidos. Enquanto estados como São Paulo (3,3%) e Santa Catarina (2,6%) possuem índices baixos, a situação é crítica no Norte e Nordeste, onde, respectivamente, 76,1% e 58,7% dos municípios utilizam lixões .

Uma pesquisa destaca ainda que apenas 28,6% das cidades brasileiras contam com aterros sanitários, que são a solução ambientalmente mais adequada para evitar a contaminação de lençóis freáticos e reduzir impactos ao meio ambiente.

Dificuldades no Pará

A construção de aterros sanitários, que exigem sistemas de impermeabilização e tratamento de chorume, é inviável para muitos municípios paraenses devido ao alto custo e à falta de capacitação técnica. Boa parte dos desafios relacionados à baixa arrecadação e ao apoio limitado da União e do estado para implementação de soluções adequadas.

O Pará conta com iniciativas pontuais para tentar minimizar o problema, como consórcios intermunicipais, mas o avanço é insuficiente frente à magnitude do desafio. Em áreas rurais ou de difícil acesso, como em municípios da Amazônia, a situação se agrava devido à logística complicada e à falta de infraestrutura básica.

Políticas públicas e perspectivas

Especialistas apontam que os investimentos anunciados pelo Novo PAC (R$ 1,7 bilhão entre 2023 e 2026) são insuficientes para atender à demanda nacional. No entanto, destaca-se a necessidade de fortalecer a cooperação entre as esferas governamentais e promover parcerias com a iniciativa privada para ampliar a capacidade técnica e financeira dos municípios.

Fonte: Exame.com

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