Paralelamente à COP 30, em Belém, o estado do Pará se prepara para receber o maior complexo termelétrico do Brasil, Novo Tempo, em Barcarena, cuja operação está prevista para 2026, com capacidade de gerar até 2,2 gigawatts (GW). O projeto, baseado no uso de gás natural liquefeito (GNL), gera críticas por contradizer a busca por uma matriz energética sustentável.
Especialistas destacam que o GNL, embora menos poluente que outros combustíveis fósseis, libera metano durante sua cadeia de produção e transporte, um gás com impacto climático até 28 vezes maior que o dióxido de carbono.
Durante a COP29, realizada em Baku, o tema foi alvo de discussões no painel “Compromisso de Metano”, que defendeu investimentos em fontes renováveis como solar, eólica e biomassa para fortalecer o sistema energético brasileiro.
“O Brasil não precisa de novas termelétricas para garantir energia”, afirmou Ricardo Baitelo, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
Organizações como Say No to LNG também alertaram para os impactos ambientais do transporte de GNL, incluindo a poluição dos oceanos e danos à biodiversidade. “O uso do GNL como solução climática é greenwashing ”, disse Elissama Menezes, diretora da entidade.
“Greenwashing” é um termo que pode ser traduzido como “maquiagem verde”; uma prática enganosa que consiste em divulgar uma imagem de sustentabilidade ambiental, mas que, na verdade, não adota medidas sustentáveis.
O debate expôs um paradoxo: enquanto o Pará se torna protagonista da agenda ambiental global com a COP30, a instalação do complexo Novo Tempo reflete um modelo energético ainda dependente de combustíveis fósseis, desafiando o compromisso com a transição para uma matriz limpa e resiliente.
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