Dia da Mulher Negra: ‘Confiamos no aumento de mulheres negras eleitas em 2024’, diz ativista

O número de paraenses candidatas ao pleito nas últimas quatro eleições superaram a média nacional em índices percentuais. Para Byany Sanches, coordenadora estadual da Rede Amazônia Negra, as eleições de 2024 prometem ser ainda melhores

As trajetórias de mulheres negras do Brasil, de toda a América Latina e do Caribe são destacadas nesta quinta-feira (25), Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Byany Sanches, coordenadora estadual da Rede Amazônia Negra e ativista há 28 anos é uma delas.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de paraenses candidatas ao pleito nas últimas quatro eleições superaram a média nacional em índices percentuais. O mesmo se aplica as candidatas efetivamente eleitas.

Byany, que é Conselheira Nacional de Promoção a Igualdade Racial pela Rede Amazônia Negra no Ministério de Igualdade Racial, chefiado por Anielle Franco, reforça que as perspectivas são muito boas para o pleito municipal de 2024:

“Somos otimistas e confiamos no aumento do o número de mulheres negras no parlamento, pois temos no país inteiro mulheres negras participando desse processo. Hoje, nós temos a liberdade de dizer quem nós somos, o que somos, o que queremos e para onde vamos, porque nós entendemos a importância dessa afirmação da condição da mulher preta no espaço de poder e queremos ocupar os espaços de forma mais igualitária”, diz

Os melhores resultados do Pará são observados nas chamadas Eleições Gerais, onde são escolhidos deputados federais, estaduais, senadores, governadores e presidente da República.

Byany comenta que vê o aumento da representatividade de mulheres negras na política como mulheres eleitas, eleitoras ou candidatas, como um avanço dos movimentos sociais, que trabalham no desenvolvimento da importância da população se enxergar como agente político:

Hoje a Rede Amazônia Negra está nos nove estados da Amazônia Legal. No Pará, estamos em 17 municípios e no pleito deste ano teremos candidaturas em Tomé-Açu, Concórdia do Pará, Bujaru, Ananindeua, e Ponta de Pedras

Byany Sanches, ativista e Conselheira Nacional de Promoção a Igualdade Racial pela Rede Amazônia Negra no Ministério de Igualdade Racial

Em 2020 o Pará elegeu, pela primeira vez, 27 mulheres como prefeitas, superando a média das últimas eleições municipais de 2016, onde apenas 16% das prefeitas eram mulheres no Pará. Segundo o TSE, a média nacional de prefeitas eleitas foi de 12,2%, bem abaixo da média paraense. Além disso, o registro de candidaturas femininas em 2020 também foi recorde: 33,6% do total. As análises consideram dados de mulheres cis e trans.

A presença de movimentos sociais e instituições que atendam a sociedade ajudam no aumento da consciência política, assim como na formulação de novas ideias de representação com base na semelhança. Logo, uma mulher negra que é mãe, avó ou filha, se identificam mais rapidamente com candidatas que possuem o mesmo perfil, devido a semelhança em vivências e compreensão em dificuldades enfrentadas.

Em relação ao perfil das eleitoras, que correspondem a mais de 50% do eleitorado paraense, semelhante a realidade nacional, nota-se que as paraenses não apenas avançaram no grau de instrução ao longo dos últimos pleitos como também o público cresce de forma progressiva a cada novo período eleitoral, mesmo que a população paraense tenha reduzido nos últimos anos, segundo o último Censo do IBGE.

Byany reforça que não se trata apenas de ocupar espaços, mas de ter a devida igualdade em representação: “Estamos aqui para buscar para combater o racismo, combater a intolerância religiosa, combater a LGBTfobia e buscar não só mais espaços, mas igualdade na representação para que a gente possa definitivamente viver num país justo e igual para todos nós”.