O Ministério Público do Trabalho (MPT) no estado do Pará ingressou com uma ação contra nove líderes da Comunidade Lucas, uma seita religiosa localizada em Baião, sob acusações de práticas de escravidão moderna envolvendo seus seguidores. Segundo as informações divulgadas pelo site Repórter Brasil, as acusações incluem retenção indevida de cartões do Bolsa Família por parte dos líderes religiosos, submissão a trabalho forçado sem remuneração, aplicação de punições físicas e casos de abuso sexual contra adolescentes.
Fundada na década de 1990 por um pastor evangélico, a Comunidade Lucas, que prometia uma vida comunitária pautada na partilha de bens e na fé, agora se vê envolvida em uma ação judicial movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A promessa de uma vida em harmonia foi ofuscada por relatos contundentes de violência física e psicológica que permeiam o cotidiano do grupo, como detalhado na ação. A procuradora Tathiane Menezes do Nascimento, responsável pelo caso, expressou profundo choque tanto em âmbito profissional quanto pessoal diante da situação.
Os integrantes da Comunidade Lucas eram submetidos a uma variedade de atividades laborais, incluindo funções como garçons, cozinheiros, fabricantes de móveis, costureiros e produtores de farinha, sem receber qualquer tipo de remuneração. Embora as tarefas fossem rotuladas como ‘voluntárias’ em nome de um suposto benefício coletivo, a realidade por trás dessas atividades parece ser de exploração laboral. Além disso, os líderes da comunidade eram acusados de reter cartões de benefícios sociais dos membros e até mesmo de realizar empréstimos em nome dos integrantes, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade dos mesmos.
A ação movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) também traz acusações graves contra os líderes da Comunidade Lucas, envolvendo a exploração sexual de crianças e adolescentes sob o pretexto de ensiná-los a serem “boas esposas”. Segundo os relatos apresentados, as jovens que se recusavam a participar dessas práticas enfrentavam ameaças e punições severas, incluindo a raspagem de cabelo e outras formas de castigo. Como prova do abuso, um caderno foi apresentado, contendo uma mistura de ensinamentos bíblicos com anotações detalhadas sobre práticas sexuais.
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