Relatório da UFF aponta expansão territorial de conflitos ligados à mineração no Brasil; Pará concentra 17,8% das ocorrências - Estado do Pará Online

Relatório da UFF aponta expansão territorial de conflitos ligados à mineração no Brasil; Pará concentra 17,8% das ocorrências

Levantamento referente a 2024 registra quase mil ocorrências e coloca o Pará entre os estados mais impactados

Mais de um milhão de pessoas foram afetadas por conflitos relacionados à mineração e à água no Brasil ao longo de 2024, segundo o Relatório de Conflitos da Mineração divulgado neste mês pela Universidade Federal Fluminense (UFF). O estudo identificou 975 ocorrências em 736 localidades do país, com média de 2,4 conflitos por dia, abrangendo todos os estados, com exceção do Distrito Federal.

Apesar da redução no número de pessoas atingidas em comparação com o relatório anterior, o coordenador da pesquisa, o professor Luiz Jardim Wanderley, destaca que houve ampliação espacial dos conflitos, com o registro de 329 novas localidades afetadas. Segundo ele, a expansão revela dificuldades de visibilidade e mapeamento integral das situações de conflito em diferentes regiões do território nacional.

Entre os estados com maior concentração de ocorrências estão Minas Gerais, responsável por 35,2% dos registros, seguido pelo Pará, com 17,8%, além da Bahia e de Alagoas, ambos com 6,9%. Minas Gerais também lidera o número de pessoas atingidas, com 77%, enquanto o Pará aparece em segundo lugar, com 8%, e Alagoas, com 6,5%, conforme os dados consolidados no levantamento.

No recorte das reações às violações, o relatório aponta 168 ações diretas em 2024, incluindo protestos e outras formas de enfrentamento, com destaque novamente para Minas Gerais, Pará e Alagoas. O estudo também mapeou episódios de violência extrema, como 32 mortes de trabalhadores, 19 ameaças de morte, além de invasões de terra, intimidações, expulsões e registros de violência armada.

Quanto às empresas citadas, o levantamento aponta a Vale S.A. e a Samarco-Vale-BHP como as que concentram o maior número de conflitos, com 96 casos cada. A Vale afirmou manter compromisso com a gestão de riscos, a segurança das pessoas e o diálogo com comunidades, detalhando ações de reparação em Brumadinho. A Samarco informou que assumiu a responsabilidade direta pela reparação dos danos do rompimento da barragem de Fundão e destacou investimentos em indenizações e ações ambientais. Já a Companhia Siderúrgica Nacional declarou que não teve acesso prévio ao relatório e defendeu a conformidade de suas operações com a legislação vigente.

*Com informações de Agência Brasil

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