O desempenho de Ana Vitória dos Reis Santos, estudante de Zootecnia da Ufra, transformou a participação paraense nas Paralimpíadas Universitárias 2025, disputadas em São Paulo entre 29 e 31 de outubro. Aos 20 anos, ela competiu em três provas e subiu ao pódio em todas: ouro nos 100 metros e bronze nos 200 e 400 metros. “Nem eu esperava um resultado tão bom”, disse a atleta, que representou a universidade pela primeira vez.
A edição reuniu 260 competidores de 17 estados e do Distrito Federal, todos matriculados em cursos de graduação ou pós-graduação. Do Pará, participaram 15 atletas e 10 integrantes da comissão técnica, e apenas Ana Vitória representou a Ufra.

Enquadrada na categoria T11, destinada a pessoas cegas, ela corre sempre acompanhada da atleta-guia, Ana Carolina. “Nós temos que confiar 100% no guia, porque o guia é nossos olhos na pista”, explica Ana Vitória.
A parceria começou em 2021, nas olimpíadas escolares, e ganhou força este ano nos jogos universitários. Para Ana Carolina, a conexão é tão essencial quanto a fita que une as duas pelo pulso durante a corrida. “Ela me entende, eu entendo ela, o que torna o trabalho muito bom. O ritmo é o dela, eu estou alí somente para auxiliar”, disse.
Além das conquistas esportivas, a estudante destaca o impacto da vida universitária. Segundo ela, conciliar estudos e treinos a transformou. “Um conselho que dou é que pessoas com deficiência não se prendam só a isso, que elas podem conseguir, elas podem fazer tudo o que elas quiserem…”, afirma. O convívio com outros atletas cegos e pessoas com deficiência, diz, fortalece e amplia horizontes.
A atleta-guia crê que o desempenho da amiga pode inspirar mais jovens universitários a buscar modalidades paralímpicas. “A Ana Vitória abriu as portas para que mais pessoas se interessem por esporte, não apenas pelo atletismo, mas pela natação, judô e outras modalidades”, afirma Ana Carolina.
Moradora da Ilha do Outeiro, Ana Vitória começou no atletismo aos 14 anos, incentivada pela professora Kátia Tadaiesky, do Instituto Álvares Azevedo, hoje a treinadora. Os treinos ocorrem duas vezes por semana na pista da Uepa.
E, para quem ainda hesita, Ana deixa o recado: “Se um dia uma pessoa com deficiência tiver a oportunidade de praticar um esporte… que ela não exite, que ela diga ‘sim’, pois é uma das melhores coisas que vai acontecer na vida dela”.
Com informações da UFRA











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