As investigações que culminaram na Operação Juari revelaram que um conjunto de garimpos clandestinos vinha lançando rejeitos diretamente em cursos d’água que cortam a Terra Indígena Kayapó, no sul do Pará. A Polícia Federal realizou a ofensiva na última quinta-feira (27), com o objetivo de desmontar a cadeia responsável pela extração e circulação ilegal de ouro na região.
Os agentes cumpriram 10 mandados de busca e apreensão. Nove deles ocorreram em áreas rurais de Bannach, onde um dos alvos operava um garimpo ativo. No local, o despejo de resíduos era feito no ribeirão Bananal, afluente que desemboca no rio Juari, rota natural das contaminações que seguem até o rio Fresco.
O cenário encontrado apontava para uma estrutura funcional e recente. Foram apreendidos dois motores estacionários, uma escavadeira hidráulica, porções de mercúrio e um celular. Não havia trabalhadores quando as equipes chegaram, mas os alojamentos improvisados, com barracos de madeira, lonas, redes, mochilas e produtos de higiene, reforçaram os indícios de condições degradantes de trabalho.
O décimo mandado foi executado em Rio Maria, na residência de uma mulher suspeita de atuar na compra e revenda do ouro extraído ilegalmente em Bannach. O material recolhido passará por análise, etapa que deve orientar novos interrogatórios e ampliar o rastreamento da rede criminosa.
A PF aponta que os rejeitos lançados pelos garimpos percorriam todo o trajeto do rio Juari até alcançarem o rio Fresco, curso que atravessa a Terra Indígena Kayapó antes de desaguar no Xingu. O efeito é direto nas aldeias: queda na oferta de peixes, alteração da qualidade da água e risco de contaminação por mercúrio.
As apurações seguem em andamento para identificar o alcance das atividades e os responsáveis pelo financiamento e pela logística da exploração ilegal.












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