Tacacazeiras são reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro - Estado do Pará Online

Tacacazeiras são reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro

Profissão ligada ao preparo tradicional do tacacá entra no Livro dos Saberes do Iphan

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional oficializou o registro do ofício das tacacazeiras como patrimônio cultural do Brasil. A decisão valoriza o trabalho das cozinheiras responsáveis por preparar o tacacá, iguaria amazônica feita com tucupi, jambu, goma de mandioca e camarão seco, cuja origem está ligada a saberes indígenas.

Embora amplamente difundido na região Norte, o tacacá mantém características próprias em cada barraca. As receitas não seguem um padrão formal e costumam ser repassadas dentro das famílias, resultando em variações no uso de temperos e na combinação dos ingredientes. O Iphan, com o reconhecimento, deverá elaborar um plano de salvaguarda que contemple ações de divulgação gastronômica, apoio aos pequenos negócios e qualificação dos pontos de venda.

Durante a reunião em que o registro foi aprovado, a tacacazeira Maria de Nazaré, de Manaus, relatou que aprendeu o preparo com a mãe e a avó e que sustenta a família vendendo o prato há 15 anos. A cozinheira comemorou o reconhecimento, afirmando que a atividade representa orgulho e preserva a identidade culinária da região.

Além do registro do ofício, chamou atenção o apelo social ligado ao tacacá, que acompanha transformações ao longo do tempo. Se antes era consumido quase exclusivamente nas barracas de rua, hoje chega aos consumidores por meio de aplicativos, com opções que incluem adaptações como versões veganas. Ainda assim, há quem defenda que a cuia tradicional é insubstituível, como ressaltou a feirante Jaqueline Soares Fonseca em vídeo apresentado ao conselho do Iphan.

A pesquisa que embasou o dossiê do registro foi conduzida pela Universidade Federal do Oeste do Pará, envolvendo a documentação de práticas em sete estados da região. O estudo reforça que o trabalho das tacacazeiras vai além da preparação do prato, preservando modos de sociabilidade e conhecimentos transmitidos de geração em geração.

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