O governo de Portugal demonstrou interesse em ampliar cooperações com o Pará em temas ligados à produção sustentável e ao enfrentamento das mudanças climáticas. A aproximação foi discutida nesta sexta-feira (21), durante painel realizado na Green Zone da COP30, em Belém, que reuniu o secretário de Agricultura de Portugal, João Moura, o secretário de Estado de Agricultura Familiar do Pará, Cássio Pereira, e o presidente da Emater-Pará, Joniel Vieira Abreu.
Com o tema “Alimentação, agricultura e equidade em suas raízes”, o encontro destacou caminhos para fortalecer a renda de agricultores familiares, garantir a permanência no campo e proteger o meio ambiente. João Moura chamou atenção para os efeitos da crise climática em Portugal, especialmente o avanço dos incêndios florestais, que provocam mortes, prejuízos ambientais e exigem altos investimentos públicos. Ele também citou desafios como o êxodo de jovens das áreas rurais e a redução da atividade agrícola no país, fatores que aumentam a dependência de importações, entre elas, de produtos brasileiros.
Representando o Pará, Cássio Pereira afirmou que o Estado vive um processo de transição produtiva baseado na conservação da floresta e em modelos de agricultura e pecuária sustentáveis. Segundo ele, mais de 300 mil famílias agricultoras abastecem a maior parte da população paraense e dependem diretamente dos recursos naturais para produzir.
Portugal já está entre os principais destinos de itens da agricultura familiar paraense, como açaí, farinha de tapioca, mel, frutas tropicais e polpas. A rastreabilidade desses produtos foi reforçada por um novo selo socioambiental apresentado pela Emater-Pará, que atesta que a produção segue padrões responsáveis, sem trabalho infantil, sem condições análogas à escravidão e sem provocar danos ambientais. O certificado também garante que o produtor recebeu assistência técnica adequada.
Ao avaliar o cenário global, João Moura afirmou que a agricultura tem papel decisivo na mitigação da crise climática e destacou o Brasil, especialmente o Pará, como parceiro estratégico para ampliar a segurança alimentar europeia. Ele acrescentou que Portugal pode atuar como porta de entrada dos produtos brasileiros no mercado do continente e disse estar aberto ao aprofundamento das parcerias.
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