Belém viveu, nesta primeira semana da COP 30, um daqueles momentos que entram para a história. E não só do Pará. A capital amazônica, tantas vezes subestimada por quem fala alto e conhece pouco, mostrou ao planeta que sabe, sim – e tá fazendo bonito ao receber um evento global do tamanho da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. E mostrou com personalidade, sotaque, cheiro de uma culinária ímpar e uma capacidade de organização que surpreendeu até os mais céticos.
A cidade que virou palco do mundo
Desde o desembarque das primeiras delegações, Belém assumiu ares de epicentro planetário. Delegados caminham pela Estação das Docas discutindo descarbonização; líderes indígenas dividem espaço com executivos de multinacionais; jovens ativistas transformam praças em laboratórios de inovação sustentável. É uma mistura viva, pulsante – mais amazônica impossível.
A logística, apontada como gargalo antes do evento, funcionou melhor do que muito especialista previu. Trânsito organizado, transporte reforçado, centros de conferência operando redondos e uma rede hoteleira que, mesmo sob pressão, deu conta do recado. Não faltou meme, claro, mas faltou o caos que muitos previram.
No sábado, as ruas de Belém foram inundadas de gente de todo o mundo, com milhares de cartazes e mensagens que ecoaram pela capital da COP 30. A Marcha da Cúpula dos Povos cravou na história um dos maiores eventos de rua já realizados aqui e em outras conferências do clima, conforme nos relataram diversos participantes.
Debates quentes e compromissos na mesa
No campo político e técnico, a primeira semana da COP 30 foi marcada por debates intensos sobre financiamento climático, desmatamento e transição energética justa. A Amazônia, finalmente, não entrou na pauta como uma “causa”, mas como uma estratégia global, essencial, urgente e inadiável.
Delegações latino-americanas e africanas reforçaram o coro pela criação de mecanismos de compensação para países preservadores. Os povos originários tiveram protagonismo real, não de vitrine, participando de mesas de negociação e pressionando governos com propostas concretas.
Belém como virada narrativa
Se havia dúvida sobre o preparo da cidade, a primeira semana tratou de desmontar o preconceito. A COP 30 expôs um contraste incômodo: outras edições mais ricas enfrentaram problemas muito maiores, tais como: filas quilométricas, alagamentos, comida caríssima, estruturas improvisadas. Em Belém, o que se viu foi algo raro: humanidade, organização, diversidade e a famosa hospitalidade paraense convivendo em harmonia, sem perder, claro, o foco climático.
A presença da Amazônia deu à conferência um sentido de urgência palpável. Cientistas dizem que nunca houve uma COP tão conectada ao território. Líderes estrangeiros afirmam que é impossível discutir o clima sem ouvir Belém. E a cidade abraçou essa responsabilidade com orgulho.
Economia local aquecida e cultura em evidência
Restaurantes lotados, hotéis operando no limite, comércio no ritmo acelerado e artistas paraenses ganhando os palcos e as ruas. A COP movimentou Belém não apenas politicamente, mas cultural e economicamente.
A cada noite, parecia que a cidade ganhava uma nova vitrine: shows, exposições, feiras artesanais, gastronomia regional sendo celebrada por quem experimentava jambu pela primeira vez e gravava, claro.
O saldo da primeira semana
A COP 30 não acabou, mas já deixou claro que será um marco. Belém está mostrando ao mundo que sustentabilidade não se discute só em auditórios climatizados: ela se vive na rua, na floresta, na palafita, na feira, na cultura e na ciência que brota do território.
A primeira semana entregou mais que debates: entregou uma narrativa nova. Uma COP mais humana, mais quente (no bom sentido), mais conectada ao chão que tenta salvar o planeta todos os dias.
E se esta foi só a primeira semana… a Amazônia ainda tem muito barulho – e muita solução – pra mostrar.
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