Pesquisadores identificaram um novo coronavírus em morcegos no Brasil, o primeiro do gênero relatado na América do Sul. O vírus, nomeado BRZ batCoV, foi descrito em estudo científico publicado em 27 de outubro no repositório internacional bioRxiv. A descoberta amplia o conhecimento sobre a diversidade de coronavírus em animais silvestres e reforça a importância da vigilância genômica.
Segundo o trabalho, o BRZ batCoV pertence ao grupo dos betacoronavírus, o mesmo que inclui o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, e o Mers-CoV, associado a surtos no Oriente Médio. As análises indicam que o novo vírus compartilha mecanismos genéticos de entrada celular semelhantes aos utilizados por esses agentes infecciosos, algo inédito em morcegos das Américas.
As amostras analisadas foram coletadas em espécimes da espécie Pteronotus parnellii, conhecidos popularmente como “bigodudos”, comuns em várias regiões da América Latina. O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade de Osaka, no Japão, em colaboração com pesquisadores brasileiros e de outros países.
De acordo com os autores, o achado não representa risco imediato à população humana, pois não há evidências de que o vírus seja capaz de infectar pessoas. No entanto, o resultado reforça a necessidade de monitorar populações de morcegos e outros animais silvestres, que podem atuar como reservatórios naturais de vírus com potencial de adaptação e transmissão entre espécies.
A pesquisa ainda está em fase de pré-publicação e não passou por revisão por pares, mas fornece dados inéditos sobre a evolução e a diversidade dos coronavírus em território brasileiro. Para os pesquisadores, a vigilância contínua de patógenos em ambientes de alta biodiversidade é essencial para antecipar possíveis emergências sanitárias.
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