Por Edir Veiga, em seu Bilhetim.
Temos lidos várias pesquisas eleitorais relacionadas às disputas governamentais, senatoriais e para o poder legislativo no Pará, que se realizarão no ano de 2026. Fiz algumas anotações teóricas e práticas para chamar a atenção para aspectos importantes sobre estes dados há um ano do processo eleitoral.
A pergunta mais importante da pesquisa, que informa o interesse do eleitorado pelas eleições há um ano do processo eleitoral, são as perguntas espontâneas, que são aquelas que quando se faz a pergunta ao entrevistado, não se sugere nomes dos futuros concorrentes.
A resposta do entrevistado é que servirá de eixo central para partidos, candidatos e para as pessoas interessados em acompanhar a evolução das tendências do eleitorado.
Hoje, há um ano das eleições, 90%, ao responderem às perguntas espontâneas, não tem candidatos nas disputas para o governo e ainda não estão pensando no processo eleitoral e muito menos em candidatos. Este percentual sobe para 95%, quando a pergunta espontânea se relaciona as disputas para deputados.
Quando os institutos, fazem as perguntas estimuladas, ou seja, é oferecido aos entrevistados nomes, ai, nestes casos, hoje, 50% do eleitorado já tem uma frágil opinião para as disputas para o governo do estado.
Afirmo que, mesmo os 50% do entrevistado que manifestam opinião há um ano das disputas eleitorais, ainda citam nomes que refletem notoriedade, quer dizer, são mais citados os nomes mais conhecidos do eleitorado, mas isso ainda significa, que este entrevistado ainda não está firmemente decidido no entorno de qual vai ser o seu voto.
As pesquisas ficam mais flutuantes quando se faz perguntas para as disputas para o poder legislativo. Os dados científicos nos informam que dois anos após um eleitor ter votado para deputado, 70% deles não se lembram em quem votaram. Imaginem fazer perguntas estimuladas, sugerindo 50 nomes de candidatos, num universo onde existe milhares de candidatos a deputado estadual e mais de 400 candidatos para a disputa para um assento na câmara dos deputados.
Qualquer pesquisa para testar nomes para candidatura para deputado estadual ou federal, devem ser através de perguntas espontâneas, e no máximo faltando, 6 meses para as eleições, e repetindo esta pesquisa quando faltarem 3 meses para as eleições e quando faltarem 30 dias para as eleições. Esta amostragem deve ser realizada nas cidades e com uma amostragem, de pelo menos 5 mil entrevistas em uma cidade, distribuídas proporcionalmente pelos bairros. Fiz esta experiência acadêmica nas eleições para vereador em 2024, e os acertos foram de 90%. Por ser uma pesquisa muito cara, raramente alguém financia a sua execução.
Outro erro que compromete o processo amostral da pesquisa, é quando o instituto na pergunta estimulada, lança no disco indutor, mais de um nome do mesmo campo político, oferecer dois nomes do mesmo grupo político, onde sabe-se que aquele candidato não disputara a eleição majoritária, significa que você dispersa as escolhas do entrevistado e diminui o potencial de intenção de um determinado candidato.
9-As pesquisas podem e devem ser feitas para acompanhar o nível de notoriedade de cada candidato para que os partidos escolham candidatos com maior potencial de voto. Mas de maneira nenhuma representa uma tendência real de voto. O eleitorado, mas especificamente, o eleitor mediano, que compõe 90% do eleitorado, só se volta para tomar sua decisão definitiva do voto, nos últimos 30 dias de campanha, nos rádios e TVs, especialmente o eleitorado das periferias urbanas.
Isto posto, informo que já ví deputado estadual ser eleito, sem ninguém jamais ter visto o nome dele nas pesquisas que circulam até em vésperas das eleições, devido à enorme fragmentação do eleitorado, tendo em vista nosso sistema eleitoral que elege deputados, ser proporcional e de lista aberta. Pesquisas em eleições proporcionais é muito difícil acertar, antecipadamente a maioria dos nomes dos eleitos.
Pesquisas há um ano das eleições servem mais às cúpulas partidárias. Os candidatos mais conhecidos, fazem pesquisa para conquistar apoiadores dentro das organizações partidárias, dentro dos grupos mais mobilizados da sociedade e convencer financiadores de campanha, de que sua candidatura é viável.
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