Cerca de 546 mil pessoas morrem todos os anos em decorrência do calor extremo, segundo o relatório Contagem regressiva em saúde e mudanças climáticas, publicado por mais de cem cientistas de vários países na revista The Lancet, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O documento foi divulgado nesta quinta-feira (29), na Inglaterra, às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém.
Entre os dados apresentados, o relatório aponta também que, apenas em 2024, 154 mil mortes foram causadas pela fumaça de incêndios florestais. Os pesquisadores afirmam que o agravamento das mudanças climáticas coloca em risco a vida e a saúde dos 8 bilhões de habitantes do planeta e pedem uma redução urgente no uso de combustíveis fósseis e nas emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com o estudo, 2024 foi o ano mais quente já registrado. Em média, as populações foram expostas a 19 dias de onda de calor por ano entre 2020 e 2024, sendo que 16 desses dias não teriam ocorrido sem o aquecimento global. No mesmo período, 72% das terras do planeta enfrentaram pelo menos um mês de seca extrema por ano, um aumento de quase dez vezes em relação às décadas de 1950 e 1960.
No Brasil, a pesquisa estima 7,7 mil mortes anuais ligadas à fumaça dos incêndios florestais e outras 3,6 mil associadas ao calor. A população brasileira foi exposta, em média, a 15,6 dias de onda de calor por ano, e 94% desses episódios foram atribuídos às mudanças climáticas. Na América Latina, a temperatura média chegou a 24,3 °C em 2024, o maior índice desde o início dos registros, com 13 mil mortes anuais relacionadas ao calor.
Mesmo diante do cenário de alerta, os cientistas afirmam que há espaço para reverter parte dos danos. O relatório destaca que “a adaptação não é mais opcional, mas uma necessidade essencial” e aponta o Brasil como “um farol de esperança e transformação” na COP30, com a possibilidade de liderar políticas de mitigação e adaptação que priorizem a saúde e o desenvolvimento sustentável.
Leia também: