Diretor exonerado por se tatuar no Palacete Bolonha recebia salário de R$8 mil - Estado do Pará Online

Diretor exonerado por se tatuar no Palacete Bolonha recebia salário de R$8 mil

Servidor utilizava o espaço do Museu Casa Francisco Bolonha para fins pessoais; Prefeitura de Belém classificou o caso como incompatível com a ética pública.

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), determinou a exoneração imediata de Anderson Luis Reis Augusto, diretor de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult). O servidor foi afastado após a constatação de que utilizava o espaço e o mobiliário do Museu Casa Francisco Bolonha, localizado no bairro de Nazaré, para fins pessoais, incluindo a realização de tatuagens durante o expediente.

De acordo com o Portal da Transparência da Prefeitura de Belém, Anderson Reis ocupava o cargo de assessor IV, com remuneração mensal de R$ 8.223,60, e havia sido admitido no órgão em fevereiro de 2025.

Em nota, a Prefeitura de Belém informou que repudia condutas incompatíveis com a ética e a responsabilidade exigidas do serviço público municipal.

“A decisão reflete o compromisso da gestão com a integridade, o respeito ao patrimônio público e a boa aplicação dos recursos e espaços municipais”, destacou o comunicado.

A exoneração foi publicada na edição do Diário Oficial do Município desta quarta-feira (22).

Confira a nota completa de Anderson:

Na tarde desta terça-feira (21), notícias e vídeos foram veiculados, de forma descontextualizada em relação ao fato ocorrido. Fui acusado de utilizar, em horário de expediente, as dependências do Palacete Bolonha, que representa uma das principais arquiteturas do período da borracha na capital paraense, para fins pessoais.

Antes de mais nada, é preciso destacar que o vídeo e as fotos da realização da   tatuagem, nos quais eu apareço, foram realizados no último sábado (18) às 9h, sem causar qualquer prejuízo ao expediente administrativo do museue da Secretaria ou qualquer dano físico ao patrimônio histórico. Sempre autorizamos ensaios fotográficos, nesse mesmo ambiente, tomando todos os cuidados com a preservação do patrimônio. Os portais se referiram à utilização da mobília histórica, mas isso não é verdade, as cadeiras usadas pertencem ao acervo do próprio tatuador, ou seja, nenhum mobiliário histórico do Palacete foi utilizado.

A tatuagem ocorreu entre a região do abdômen e dos braços, o que exigiu, em determinado momento, a retirada da camisa utilizada.

O vídeo foi gravado como parte da execução de um projeto já em andamento do artista e tatuador “Dan Quixote”, que une a tradição arquitetônica e historiográfica de Belém à contemporaneidade e expressividade da arte da tatuagem. O projeto do artista já passou por espaços como o recém-inaugurado Mercado de São Brás e o Forte do Castelo. Em mais uma edição, no Palacete Bolonha, a proposta de itinerância cultural busca valorizar e promover os espaços públicos, mantendo o compromisso com a zeladoria e o respeito ao patrimônio.

Reitera-se, ainda, que é comum a utilização de espaços culturais para ensaios fotográficos, gravações audiovisuais, visitações e outras atividades, desde que observados os limites de preservação do patrimônio histórico. Ações como essa contribuem para dar visibilidade e dinamismo aos equipamentos culturais da capital.

Fui convidado pelo artista Dan Quixote para fazer a tatuagem e aceitei o convite com satisfação, por ser um apreciador e incentivador da arte da tatuagem e imaginei estar contribuindo de maneira positiva ao propósito da proposta do projeto. 

Jamais imaginei que isso repercutiria da forma negativa, da qual foi apresentada.

Esses são os fatos. 

Por fim, em nenhum momento me procuraram para ouvir a realidade dos fatos, me coloco à disposição para demais esclarecimentos e reafirmo o meu compromisso com a promoção da cultura na capital paraense, bem como com a manutenção e preservação das arquiteturas que retratam a história de Belém.

Mesmo assim peço desculpas a quem possa ter se sentido ofendido com essa ação.

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