Um estudo conduzido pela bióloga Renata Norbert, do Instituto Nacional de Controle da Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), representa um avanço na causa animal ao propor a substituição de camundongos por testes in vitro na verificação da eficácia de soros antiveneno de serpentes do gênero Bothrops. O projeto, reconhecido por entidades científicas internacionais, pode começar a ser aplicado a partir de março de 2026.
A nova metodologia utiliza células Vero cultivadas em laboratório no lugar dos roedores. O procedimento é considerado mais rápido, barato e ético, além de eliminar o sofrimento dos animais. Segundo a pesquisadora, a substituição reduz em até 69% o custo dos testes e acelera o processo de liberação dos soros, encurtando o prazo de análise de um mês para apenas uma semana.
O método, atualmente em fase final de validação, consiste em aplicar uma mistura de soro e veneno sobre as células. Caso permaneçam intactas, o soro é aprovado; se houver danos, o lote é reprovado. Após a confirmação dos resultados por outros laboratórios, a proposta será submetida à farmacopeia brasileira para implementação prática.
A pesquisa também tem impacto direto na saúde pública. As serpentes Bothrops, conhecidas como jararacas, urutus e cotiaras, são responsáveis por cerca de 90% dos casos de envenenamento por cobras no Brasil. O antiveneno e os testes de controle de qualidade são produzidos por instituições públicas como o INCQS, o Instituto Vital Brazil, o Instituto Butantan e a Fundação Ezequiel Dias, já que a Organização Mundial da Saúde classifica o tema como uma doença tropical negligenciada, sem interesse comercial da indústria privada.
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