O III Fórum Varanda da Amazônia começou nesta terça-feira (7), em Belém, com uma plenária marcada por críticas à desigualdade ambiental e à falta de políticas públicas voltadas à região. O evento, idealizado por Fafá de Belém e realizado durante a semana do Círio, propõe reflexões sobre sustentabilidade, bioeconomia e preservação da cultura amazônica sob o tema “O futuro da Amazônia é agora!”.
Na abertura, a jornalista Layse Santos, que mediou a mesa, destacou a importância de transformar o debate sobre a Amazônia em ações concretas. “A gente está num ponto de não retorno. Não existe justiça climática sem justiça social, e não existe justiça social na floresta sem reforma agrária”, afirmou, ao defender que a cultura amazônica e seus fazedores sejam incluídos nas discussões oficiais da COP30. Fafá também cobrou protagonismo para os artistas e produtores locais. “Os músicos, os que vivem da arte em Belém, precisam estar nos espaços da COP. São eles que mantêm a cultura viva o ano inteiro.”
Justiça ambiental e inclusão
A escritora e advogada Wanda Monteiro reforçou a conexão entre democracia, meio ambiente e soberania territorial. Ela explicou que o histórico de desigualdade fundiária no Brasil ainda influencia os conflitos socioambientais. “Desde a colônia, a terra foi distribuída para poucos. Não dá para falar em justiça climática sem corrigir esse erro histórico”, disse, ao citar o Estatuto da Terra e as áreas amazônicas que permanecem sob tutela da União.

Layse também destacou o papel da comunicação e da educação na construção de uma consciência coletiva. Segundo ela, o Fórum representa “um espaço de escuta e ação, onde o conhecimento científico se encontra com os saberes ancestrais e populares”.
Durante a discussão, os convidados alertaram para o impacto da exploração de petróleo e defenderam o fortalecimento da educação ambiental como base para a mudança. Fafá citou exemplos de comunidades ribeirinhas que vivem os efeitos diretos da degradação e cobrou um olhar mais atento para o Pará. “Os nossos rios geram energia para o Sudeste, mas nada volta para cá. É preciso investir na nossa gente, na educação e no saneamento. Essa deve ser a nossa grande luta”.
O governador Helder Barbalho (MDB), marcou presença no evento ao lado da cantora. O chefe de estado prestigiou o fórum como ouvinte nos painéis.
O painel encerrou o primeiro bloco de debates do Fórum, que segue até quarta-feira (8) com programação gratuita no centro histórico de Belém. Os próximos temas incluem povos da floresta, turismo consciente, biodiversidade e economia criativa.
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