Quando a COP30 reunir líderes mundiais em Belém, um dos destaques da agenda ambiental virá do extremo oposto da Amazônia: a Mata Atlântica. O bioma, que se estende pelo Brasil e Paraguai, tem mais de 100 mil hectares preservados graças a uma experiência iniciada há cerca de 40 anos pela Itaipu Binacional, hoje reconhecida como uma das mais consistentes de recuperação ambiental no país.
Só no Brasil, cerca de 40 mil hectares estão protegidos, a maior parte sendo restaurada. Segundo a engenheira florestal Veridiana da Costa Pereira, gerente da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, o desafio começou ainda durante a implantação da usina, quando vastas áreas na margem brasileira já estavam ocupadas pela agropecuária. “Foi necessário um trabalho gradual de restauração da cobertura florestal para se atingir o resultado esperado: a formação de um cinturão verde para proteção do reservatório”, explicou.
Uma floresta reconstruída
Desde 1979, a empresa plantou mais de 24 milhões de árvores em faixas de proteção e áreas estratégicas, consolidando um dos maiores cinturões verdes da região. Em 2024, um estudo da Universidade Federal do ABC, em parceria com a rede MapBiomas, constatou que a iniciativa restaurou 73 mil hectares no oeste do Paraná, ampliando a conectividade entre fragmentos da Mata Atlântica.
Para sustentar o processo, viveiros de mudas foram criados ao longo dos anos. Um deles, ainda ativo no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu, produz cerca de 350 mil mudas de espécies nativas por ano, destinadas tanto à manutenção das áreas de Itaipu quanto a doações para municípios vizinhos.

Infraestrutura verde e legado ambiental
As áreas protegidas formam hoje uma barreira natural contra o assoreamento do reservatório da usina, estimado em 194 anos de vida útil. Além disso, conectam unidades de conservação como o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional de Ilha Grande, além de Reservas Particulares e fragmentos espalhados em propriedades agrícolas.
“Mais do que a conservação da Mata Atlântica, as áreas protegidas da Itaipu geram serviços ecossistêmicos que beneficiam as comunidades rurais e urbanas do Paraná e do Mato Grosso do Sul”, ressaltou Veridiana.
Pesquisa e combate às mudanças climáticas
A experiência também virou referência científica. Diversas universidades utilizam as áreas da binacional para estudar restauração florestal, reprodução de fauna, interações ecológicas e balanço de carbono. Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, a lição é clara.
“Essa infraestrutura verde que a Itaipu construiu comprova o nexo entre preservação das florestas e a conservação dos recursos hídricos. Toda a pesquisa e monitoramento que a empresa faz demonstra que a biodiversidade contribui para a conservação da água e, portanto, para ter mais resiliência à mudança do clima”, pontuou.
Com a vitrine internacional da COP30 em Belém, a expectativa é de que a experiência da Itaipu reforce não apenas a relevância da Mata Atlântica, mas também a importância da recuperação de biomas para o futuro do planeta.
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