Um estudo conduzido por pesquisadores canadenses analisou informações de 101 países e reforçou os danos do álcool à saúde mental, incluindo a associação com casos de depressão e autoagressão. A pesquisa reuniu resultados de 13 estudos anteriores e foi publicada em revista da Associação Médica Americana.
De acordo com os autores, cada litro adicional no consumo médio da população está ligado a um aumento de 3,59% na taxa de mortes por suicídio a cada 100 mil habitantes. O trabalho defende a adoção de políticas públicas e intervenções individuais para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, prevenir desfechos graves relacionados à saúde mental.
Especialistas ouvidos ressaltam que o álcool atua como depressor do sistema nervoso central, podendo agravar quadros de depressão pré-existentes ou funcionar como gatilho em pessoas vulneráveis. Pesquisas brasileiras já apontaram que, em casos de tentativas de suicídio, uma parcela significativa das pessoas havia ingerido a substância pouco antes do ato.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) também indicam a dimensão do problema. Em 2019, o álcool esteve associado a 18% das mortes autoprovocadas no mundo, o que equivale a mais de 203 mil pessoas. No Brasil, o consumo per capita foi de 7,7 litros por pessoa no mesmo ano, acima da média global de 5,5 litros.
A meta nacional é reduzir até 2030 o percentual de adultos que fazem uso abusivo de álcool, hoje superior a 20%, para 17%. Especialistas defendem que, além de ampliar o acesso a serviços de acolhimento, é necessário adotar medidas de prevenção e controle, incluindo restrições à publicidade e maior fiscalização da venda para adolescentes.
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