A banda paraense Verene lança, nesta segunda-feira (15), às 7h, seu primeiro disco de estúdio, “Por Mais Uma Semana”. O trabalho, disponível em todas as plataformas digitais, reúne 10 faixas inéditas que transitam entre indie alternativo, pop rock brasileiro e dreamgaze, incorporando elementos orgânicos que remetem à Amazônia. Gravado em Belém, o álbum se apresenta como uma travessia emocional, política e estética, marcada pelos dilemas de uma geração que vive em estado de urgência.
Segundo os integrantes, o projeto nasce do cansaço, mas também do desejo de seguir em frente. Cada faixa representa um estado de espírito possível no cotidiano moderno: sobrecarga, desilusão, raiva, nostalgia, afeto e esperança. “Esse álbum é nosso momento. Foi um processo de experimentação, de busca por um som que ainda não sabíamos qual seria, mas tínhamos a certeza de que o objetivo era esse novo projeto. Ele representa o encontro da nossa vibe e da mensagem que queremos compartilhar”, afirmou o vocalista Giovanni Zeit.
Álbum se apresenta como uma travessia emocional, política e estética, marcada pelos dilemas “de uma geração que vive em estado de urgência”, segundo os integrantes pic.twitter.com/6dNz2wDrnf
— Portal Estado do Pará Online (@Estadopaonline) September 13, 2025
Entre o colapso e a reconstrução
O conceito de “liminaridade” é central no disco. A banda explica que buscou traduzir musicalmente esse estado de transição, desconforto e ambiguidade. “Momentos de transição nos causam incertezas, e o status quo desse momento gera sentimentos viscerais. Nossa forma de traduzir isso está na estética sonora e na entrega vocal”, destacou o guitarrista Felipe Palha.
Essa ideia se reflete também na estrutura do trabalho, dividido em três blocos emocionais. O primeiro, “Exaustão e rotina: o peso do tempo”, traz faixas como “Blasé”, uma crítica sarcástica ao colonialismo cultural, “5×2”, um manifesto sobre a rotina exaustiva em parceria com o rapper Drin Esc, e “Alto Mar”, que aborda o esgotamento.
O segundo bloco, “Colapso e ruptura: o desmoronar”, inclui canções como “Atlas”, que reflete sobre dependência emocional, “Indeciso”, uma dança melancólica marcada pelo caos, “Melhor Assim”, despedida lúcida, e “Mairi”, grito político da floresta.
Já o terceiro, “Reconstrução e esperança: o recomeço”, apresenta “Casa”, memória nostálgica de um refúgio afetivo, “Pro Vazio Não Roubar Teu Lugar”, sobre coletividade e reencontro, e “Líquido”, que simboliza amadurecimento e transição emocional.
Sons da Amazônia
A sonoridade de “Por Mais Uma Semana” é marcada por atmosferas densas e dançantes, que oscilam entre tensão e alívio, colapso e cura. Os arranjos misturam beats eletrônicos, timbres orgânicos e texturas experimentais. Para a banda, essa mistura reflete não apenas as referências do rock alternativo internacional e nacional, mas também a vivência amazônica.
“Somos uma banda com raízes no rock alternativo e em suas vertentes. Esses gêneros estão no senso comum do que consumimos, mas nossa posição geográfica é tão importante quanto nossos gostos pessoais. As referências amazônicas estão enraizadas no que somos, no lugar onde crescemos, e trazê-las para a música também é um posicionamento e um motivo de orgulho”, afirmou Giovanni Zeit.
Juventude em colapso
As letras abordam temas urgentes para a juventude, como a valorização da vida além do trabalho, o fim de grandes amores, o colapso ambiental e a saúde mental. O baixista Dionísio Fares destacou que a ideia foi criar uma mensagem intimista: “O disco foi pensado para que até mesmo quem não se identifica com as pautas possa aproveitar. Mas para quem vive tudo que expomos, a intenção é que se sinta abraçado, acolhido, como se estivesse conversando com um amigo”.
O baterista Berg Viana acrescentou que a travessia apresentada pelo álbum também reflete a própria trajetória da banda. “O trabalho é resultado de vários anos de maturidade musical. A celebração do lançamento não é apenas sobre esse momento, mas sobre todo o percurso até aqui”.
Show de lançamento
O primeiro show de “Por Mais Uma Semana” acontecerá no Studio Pub, em Belém, no dia 28 de setembro, às 20h, com participação especial de artistas convidados. O repertório incluirá as 10 faixas do disco e outras canções que marcaram a trajetória da banda.
“Queremos mostrar o álbum na íntegra, mas também revisitar músicas que o público já acompanha. Será uma celebração construída junto com as pessoas que fizeram parte dessa caminhada”, afirmou o guitarrista Gabriel Flexa.
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