O prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos (PSB), está no centro de mais uma controvérsia política após rumores sobre sua possível saída do PSB para assumir a presidência estadual do Podemos no Pará. A movimentação, que ainda não foi negada nem confirmada por Daniel ou sua assessoria após três dias de espera por resposta do EPOL, foi ventilada pelo jornalista e ex-candidato à prefeitura de Belém pelo Podemos, Jefferson Lima, mas já provocou reações entre lideranças da direita paraense, que veem a possível mudança como mais um fator de divisão do campo bolsonarista nas eleições de 2026. O jornalista apagou a publicação em seguida, mas o assunto já havia fervilhado.

Jefferson Lima voltou a publicar novo post reafirmando a disponibilidade do PODEMOS para ser usado e comandado por Daniel. O radialista é filiado ao partido e disputou a Prefeitura de Belém nas eleições do ano passado e ficou em 5º lugar, obtendo 4,53% dos votos válidos. No segundo turno, Jefferson apoiou o delegado Éder Mauro (PL), que foi derrotado por Igor Normando (MDB).
Direita rachada
Internamente, o PL já dá sinais de afastamento de Daniel e avalia lançar o deputado estadual Rogério Barra, filho do deputado federal Éder Mauro, como pré-candidato ao governo estadual. Em publicação recente, Rogério afirmou que “não existe direita sem Bolsonaro e, no Pará, sem Éder Mauro”. Ao mesmo tempo, setores do Podemos, partido do senador Zequinha Marinho, sinalizam abertura total para receber Daniel com a presidência estadual, estrutura e eventual candidatura ao Executivo estadual.
Apesar de comandar o PSB no Pará desde abril, Daniel tem adotado uma postura política cada vez mais contraditória: filiado a um partido de centro-esquerda, apoiou candidaturas do PL em 2024 e intensificou o diálogo com lideranças bolsonaristas em 2025. A possível migração para o Podemos traria repercussões estratégicas, podendo afastar completamente eleitores de esquerda e consolidar sua imagem de infidelidade partidária, agravada por rompimentos como o “término” com o governador Helder Barbalho e o MDB.
Nos bastidores, aliados antigos o acusam de “usar e descartar” apoios conforme suas ambições crescem, o que fragilizou o PSB após sua chegada. A debandada de lideranças para o MDB após a destituição de Cássio Andrade do comando do partido enfraqueceu a base posicionada mais à esquerda. Mesmo com o apoio de figuras como João Salame e Hugo Athayde, Daniel ainda não consolidou uma aliança duradoura com nenhuma ala ideológica clara, o que pode comprometer sua candidatura.
A instabilidade também se reflete em seu relacionamento com a base bolsonarista: em maio, o PL desmentiu apoio à candidatura de Daniel e cobrou posicionamento da deputada Alessandra Haber (MDB), esposa do prefeito, sobre a anistia aos investigados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. A indefinição de Daniel em questões sensíveis e sua postura de “vítima da mídia”, constante em redes sociais, são vistas por parte do eleitorado e da imprensa como estratégias desgastadas.
Com histórico de trocas de partido e alianças políticas instáveis, Dr. Daniel Santos se movimenta para conquistar protagonismo na disputa estadual, mas sua trajetória até aqui, traz mais dúvidas que certezas. Caso confirme a ida ao Podemos, o racha na direita paraense pode se aprofundar, favorecendo candidaturas de fora do campo bolsonarista e da extrema direita.
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