Investigação de associação criminosa do vice-prefeito de Ananindeua expõe Dr Daniel Santos (PSB) nacionalmente - Estado do Pará Online

Investigação de associação criminosa do vice-prefeito de Ananindeua expõe Dr Daniel Santos (PSB) nacionalmente

Matéria da VEJA traz atualização da denúncia do Ministério Público do Pará e incendeia PSB paraense, que passa a ser visto nacionalmente pelo envolvimento de seus dirigentes com grupos de criminosos locais.

Hugo Atayde, vice-presidente do PSB no Pará e vice-prefeito de Ananindeua, é réu acusado de crimes graves pelo MP estadual: tortura, associação criminosa armada (ligada à milícia) e apontado como encarregado de coordenar um suposto grupo de extermínio, formado por, pelo menos oito policiais militares.

Em 2019, Hugo foi alvo da operação Anonymus II, deflagrada pela Polícia Civil do estado do Pará. Na época, o então vereador de Ananindeua, foi apontado como foragido para não ser preso. Seis policiais militares foram presos na operação, que cumpriu nove mandados de prisão. Hugo foi preso dias depois e liberado, porém usando monitoramento eletrônico (tornozeleira).

O caso ocorreu após um furto na casa de Atayde em janeiro de 2019. Segundo o MP, o atual vice-prefeito e alguns policiais teriam torturado um jovem de 23 anos chamado Matheus Gomes Silva, apontado como suspeito do crime junto com uma adolescente de 16 anos. O MP afirma que os policiais teriam vasculhado o aparelho celular da adolescente, identificado Matheus e promovido a prisão arbitrária e tortura até forçar a confissão.

Matheus foi executado no dia 27 de fevereiro de 2019 em uma ação onde cinco homens invadiram sua casa e fizeram diversos disparos, um deles na cabeça. A arma e munição usadas seriam da PM, assim como o veículo usado na operação.

Segundo a Polícia Civil na época, a atuação dos grupos de extermínio era formado na maioria por agentes de segurança pública e seria responsável por um elevado número de homicídios ocorridos nas periferias de Belém, Ananindeua e Marituba.

Em junho de 2021, o Tribunal do Júri rejeitou a acusação contra Hugo por participação no homicídio, mas manteve o caso dos crimes de tortura e associação à milícia, que segue em tramitação em uma Vara Criminal.

Enquanto isso, Hugo Atayde segue atuando politicamente e circulando como vice-prefeito em eventos nacionais e estaduais como vice-presidente do PSB paraense, partido que tem o vice-presidente Geraldo Alckmin entre suas principais lideranças nacionais.

Hugo chegou à direção do PSB através do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, que também é alvo de investigação por desvio de verbas da saúde. Ele era presidente da Alepa à época dos fatos e hoje lidera o partido no estado.

Dr. Daniel Santos nomeou Hugo Atayde para chefiar seu gabinete em 2022 e o confirmou em 2024 como candidato a vice em sua chapa, além de ocuparem os cargos de presidente e vice-presidente, respectivamente, no diretório estadual do partido.

Além disso, Daniel também está envolvido em uma investigação do MP estadual por suposto desvio de R$ 261,3 milhões em verbas da saúde, via hospital particular Santa Maria. O prefeito recorreu ao STF para tentar trancar esse inquérito.

Situação atual dos processos

O processo contra Atayde tem mais de 4.900 páginas e está parado há cerca de três anos; três promotores já se declararam impedidos.

Em março de 2025, Atayde entrou com pedido para arquivar o caso, alegando falta de provas e que nem se tratar de ação penal efetiva.

O caso dos R$ 261 milhões de desvio de Daniel está no STF a partir de pedido de arquivamento feito por sua defesa .

Impacto político

Essas denúncias colocam o PSB paraense – e sua liderança local – num cenário crítico, reforçando acusações de milicianismo e de uso político de agentes da segurança para fins pessoais.

A aliança pública com figuras sob investigação judicial pode abalar a imagem estadual do partido, possivelmente colocando em risco boas relações com a liderança nacional do PSB, além de abrir brechas para críticas da oposição e perda de apoio popular.

O MP acusa o vice-presidente estadual do PSB de ser o cérebro de um grupo violento formado por policiais – com crimes que vão de tortura a execução – enquanto o presidente estadual enfrenta investigação por corrupção na saúde. Ambos os casos estão em andamento, com a defesa buscando encerramento, mas ainda sem resultado definitivo.

Em nota ao EPOL, a assessoria da Prefeitura de Ananindeua informa que “É leviana a tentativa da revista Veja de vincular o prefeito Dr. Daniel a esse episódio que atende a interesses políticos locais. O prefeito não é nem alvo do processo citado e não há nenhuma investigação ou acusação em relação a ele. Portanto, a reportagem insinua algo que não condiz com a realidade dos fatos. O outro citado, Dr. Hugo, informa que as denúncias referentes às investigações foram rejeitadas pela Justiça e não responde a nenhum processo”.

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