A menos de um ano da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, que será realizada em Belém do Pará, um novo embate público ganhou espaço no noticiário: de um lado, o apresentador Ratinho. Do outro, o governador do Pará, Helder Barbalho. O motivo da polêmica? A forma como os investimentos para o evento estão sendo conduzidos.
Ratinho questionou os bilhões de reais que estão sendo direcionados à capital paraense. “Qual a necessidade de nós fazermos essa COP 30, gastarmos bilhões em Belém do Pará, num lugar onde falta comida para a população?”, afirmou o apresentador, que ainda classificou Belém como “sem estrutura” e “não essa cidade maravilhosa para mostrar pro mundo”.
A fala gerou forte repercussão, especialmente entre autoridades e moradores do Pará. Em resposta, Helder Barbalho adotou um tom conciliador, mas não deixou de rebater:
“Eu quero convidar ele, que venha aqui. Acho que seria muito bem-vindo. Seria um prazer poder receber e mostrar a ele, in loco, vindo aqui conhecer Belém. Quero aproveitar para dizer que ele será muito bem-vindo para estar aqui para que possamos mostrar a Amazônia, para que ele conheça a Amazônia”, declarou o governador em uma entrevista.
Na sequência, Ratinho voltou ao tema e tentou esclarecer sua posição. Disse que não é contra a realização da COP 30 em Belém, mas sim contra o que classificou como prioridades equivocadas.
“Fico feliz do senhor me convidar a conhecer a Amazônia, assim como o senhor também não conhece. […] Não adianta uma COP com muita festa e pouca estrutura. O que eu disse é: se faça a COP, mas gaste menos em festa e mais em infraestrutura. Por que não gastar mais em casa popular, em saneamento básico?”, questionou.
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O que está em jogo?
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente e do Governo do Pará, os investimentos federais e estaduais previstos para a COP 30 ultrapassam R$ 7 bilhões. Os recursos estão sendo aplicados em obras de mobilidade urbana, expansão da rede hoteleira, saneamento, segurança, reforma do aeroporto e melhorias na infraestrutura da cidade, além da própria estrutura do evento.
Enquanto críticos como Ratinho apontam possíveis excessos e defendem que os investimentos deveriam priorizar áreas básicas, como saúde e moradia, defensores da COP veem o evento como uma oportunidade única de desenvolvimento sustentável, visibilidade internacional e atração de novos investimentos para a Amazônia.
A importância da COP 30
A escolha de Belém como sede da conferência foi anunciada oficialmente em 2023, após articulação do governo federal com apoio das Nações Unidas. Será a primeira vez que uma cidade amazônica receberá o principal evento global sobre mudanças climáticas – e também a primeira vez no Brasil desde a ECO-92, no Rio de Janeiro.
A expectativa é de que Belém receba mais de 30 mil pessoas, entre chefes de Estado, cientistas, ambientalistas e jornalistas de todo o mundo. A cidade já iniciou um processo de requalificação urbana, mas enfrenta desafios históricos, como o déficit habitacional, saneamento precário e desigualdades sociais – fatores que alimentam a polêmica.
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