A vereadora Bia Caminha (PT) resolveu entrar na polêmica sobre o Arquipélago do Marajó e detonou as ações da ex-ministra Damares, das missões religiosas e das doações. A parlamentar se posicionou nesta quinta-feira (23).
Segundo a petista, “são pessoas de São Paulo, que tão fazendo ONGs de São Paulo que vem pra cá com essa ideia de salvar as pessoas, sem conhecer a realidade. Não precisam de caridade, não precisam de missões ali naquela região. O principal é a gente cobrar o papel do estado”, disse Bia, que se elegeu vereadora de Belém pelo PT em 2020 e agora tenta a reeleição.
Veja o vídeo:
Apesar de ter ganhado destaque recentemente, a questão é de longa data. Em maio do ano passado, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) anunciou uma série de medidas para combater o abuso e a exploração sexual de crianças no arquipélago do Marajó. Essa iniciativa foi desencadeada após representantes do ministério realizarem uma visita às comunidades ribeirinhas, com o objetivo de diagnosticar as condições de acesso aos direitos básicos.
Durante essa missão, a comitiva federal visitou comunidades nas cidades de Breves, Soure, Cachoeira do Arari, Salvaterra, e também Melgaço, esta última apresentando o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
Na gestão anterior do governo federal, a então ministra do MDHC, Damares Alves, esteve no arquipélago como parte da agenda do Programa Abrace o Marajó. Contudo, esse programa enfrentou críticas de entidades locais e órgãos públicos devido à falta de participação social.
O assunto voltou a tona após a cantora gospel paraense Aymeê Rocha viralizou com sua música “Evangelho de Fariseus”. A canção citou as explorações sexuais de crianças que acontecem na Ilha do Marajó, no Pará, trazendo uma nova visibilidade para o assunto.
Na última quinta-feira (23), o Portal Estado do Pará Online entrevistou o Dr. Aiala Colares, especialista em Segurança Pública e porta-voz do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, para explicar o contexto do que vem sendo disseminado na internet.
Segundo ele, o Marajó estaria servindo de “bode expiatório” para um problema que ocorre em todo o Brasil.
O arquipélago do Marajó é formado por 16 municípios que ficam distantes uns dos outros e que têm dificuldade de integração, acesso aos serviços e segurança pública, bem como dificuldade de acesso à energia elétrica e à internet. De certa forma, essa precarização também envolve a infraestrutura, dificultando a fixação de profissionais na região.
Tudo isso está ligado a um histórico de desigualdade que é reproduzido por uma lógica de economia de mercado que trabalha por uma perspectiva de exploração e que colocou essa região no patamar de desigualdade, assim como outras regiões do Brasil, seja no interior do Nordeste, no interior do Sudeste ou em qualquer região periférica do país.
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