Vereadores aprovam empréstimo para prefeitura de Belém comprar ônibus novos

Vereador de oposição, Matheus Cavalcante (Cidadania) foi o único voto contrário ao projeto do executivo. Ele questiona a falta de transparência e informações sobre quem vai operar os novos ônibus comprados através de um empréstimo, alegando que a prefeitura já contraiu mais de 1 bilhão em dívidas.

Ônibus trafegando no BRT Belém.
Ônibus trafegando no BRT Belém. Foto: Agência Belém.

Em sessão ordinária na terça-feira (17), vereadores de Belém aprovaram a liberação de recursos para a renovação nos transportes coletivos da capital paraense.

Como já anunciado pelo governador Helder Barbalho (MDB) e pelo prefeito Edmilson Rodrigues (Psol), serão adquiridos mais de 100 ônibus com ar-condicionado e wi-fi. A iniciativa vai se somar ao acordo assinado entre o Governo do Pará, Prefeitura de Belém e Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros em Belém (Setransbel), onde mais de 300 ônibus serão adquiridos para circular na Grande Belém. A quantidade representa 7,52% da frota atual.

O recurso foi solicitado junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e visa oferecer qualidade no serviço urbano, que é tão questionado pela população de Belém.

O Portal Estado do Pará Online conversou com os vereadores Amaury da APPD (PT) que votou a favor da liberação de verba, e Matheus Cavalcante (Cidadania) que foi o único entre os 35 parlamentares a votar contrário.

“Desde o início, lá no passado, fui um dos poucos vereadores que votou a favor da inclusão de ar-condicionado nos ônibus de Belém. Nesta ocasião, mantive minha posição, pois nosso mandato sempre priorizou o bem-estar da população. Não apenas buscamos ônibus com ar-condicionado e wi-fi, mas também insistimos na importância da acessibilidade para todos. É fundamental que os novos ônibus atendam às necessidades das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, que há muito tempo enfrentam dificuldades no transporte da nossa cidade de Belém.”, enfatizou Amaury se referindo à proposta de ônibus refrigerados que foi rejeitado pelos vereadores na Câmara Municipal em 2017, durante a gestão de Zenaldo Coutinho (PSDB).

Vereador Amaury da APPD (PT). Foto: Redes Sociais/Divulgação.

Já o vereador Matheus Cavalcante (Cidadania) justificou seu voto contrário:

“Sempre denunciei o sucateamento do transporte público em Belém e defendi a realizaçã da licitação como o único caminho transparente e eficiente para a melhoria do transporte público.

É importante observar que o texto do projeto de lei encaminhado pela prefeitura à Câmara Municipal, não especifica a destinação do recurso solicitado. Apenas pede a autorização para contratar mais uma operação de crédito com junto ao BNDES no valor de 100 milhões de reais.
Autorizar um projeto dessa forma, sem transparência, seria dar um cheque em branco para a prefeitura, o que já aconteceu outras vezes para essa gestão, que já supera 1 bilhão de reais em empréstimos.

Outro fator importante, é o fato da ausência do debate público, uma vez que a prefeitura suspendeu a licitação do transporte urbano e agora anuncia a compra de 100 ônibus, para ser operacionalizado por quem?

Esses ônibus novos vão ser entregues para as mesmas empresas que hoje comandam a Setransbel e desrespeitam o cidadão com um serviço de péssima qualidade? É um questionamento que a prefeitura precisa esclarecer para a população. Afinal, não da pra prefeitura endividar o povo de Belém comprando os ônibus e a Setransbel aplicar a tarifa que bem quiser, com a população pagamento o empréstimo. Isso é inaceitável.

A prefeitura precisa ser mais transparente e ter mais respeito com o recurso público, mas principalmente, respeitar o usuário que no final das contas irá pagar a conta.”, afirma.

Vereador Matheus Cavalcante (Cidadania) Foto: Antenor Filho/CMB

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O Portal Estado do Pará Online entrou em contato também com o presidente da Câmara Municipal, vereador John Wayne (MDB), mas até o momento não obteve resposta.

O debate vem se aprofundando nas redes sociais entre pessoas favoráveis, contrárias e aqueles que acham 7,52% um número inexpressivo perante ao caos que se encontra a situação dos transportes públicos em Belém. Diante disso, seguem as dúvidas na cidade sede da COP 30.

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