Alunos da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Abaetetuba criaram um aplicativo que promete facilitar o atendimento e o rastreio funcional de idosos em regiões isoladas da Amazônia, onde a internet é limitada e o acesso a serviços de saúde é mais difícil. Chamada de AvaliaSenior, a ferramenta reúne diversas escalas geriátricas em uma plataforma simples, intuitiva e totalmente off-line, permitindo avaliações completas mesmo em comunidades ribeirinhas e localidades de difícil alcance.
O projeto foi desenvolvido no âmbito do Grupo de Práticas Interdisciplinares de Extensão, Pesquisa e Ensino (PIEPE), que identificou a necessidade de modernizar o processo de triagem de idosos na atenção básica. Atualmente, essa avaliação costuma ser feita manualmente, exige cálculos e conhecimento técnico, o que acaba reduzindo a adesão dos profissionais.
“Quando o rastreio não é feito, o idoso fica mais exposto a riscos como quedas, depressão e alterações de humor. A avaliação adequada permite antecipar problemas e orientar melhor a família e a equipe de saúde”, explica Joel Marques, estudante do sexto período de Medicina e integrante da equipe. Segundo ele, a inspiração para o aplicativo surgiu da dificuldade cotidiana enfrentada durante o processo de avaliação: “Percebemos que o método manual era lento e burocrático. Então pensamos: por que não usar a tecnologia a favor da saúde? Foi assim que o AvaliaSenior começou a ganhar forma.”
O aplicativo entrega automaticamente um laudo em PDF com os resultados das escalas aplicadas, pronto para ser anexado ao prontuário do paciente. “Agora, com poucos toques na tela, o profissional conclui o rastreio e recebe o resultado imediatamente. Isso agiliza muito a rotina e estimula que mais avaliações sejam feitas”, completa Joel.
Para o professor e coordenador do projeto, Esdras Edgar, o impacto da iniciativa ultrapassa a praticidade operacional. “Estamos falando de democratizar o acesso à avaliação geriátrica em uma região marcada por longas distâncias e infraestrutura limitada. O AvaliaSenior leva a avaliação até a casa do idoso, até a comunidade, sem depender de conectividade. É uma inovação feita na Amazônia para atender a Amazônia.”

Esdras também destaca o papel essencial da produção acadêmica no desenvolvimento da tecnologia. “O aplicativo aproxima teoria e prática. Ajuda os alunos a entender melhor o processo de avaliação funcional e reforça como a tecnologia pode ser uma aliada estratégica no cuidado à saúde.”
Mesmo em fase de aperfeiçoamento, o AvaliaSenior já está sendo utilizado por profissionais da região e recebeu avaliações positivas de equipes que atuam em áreas ribeirinhas e comunidades rurais de Abaetetuba.
A expectativa é que, futuramente, a ferramenta possa integrar políticas públicas de atenção ao idoso e sirva de modelo para outras regiões do país.“É gratificante saber que algo criado dentro da universidade pode se transformar em uma solução real para a população”, afirma Joel.
Na vastidão da Amazônia, onde o cuidado muitas vezes enfrenta barreiras geográficas, o AvaliaSenior surge como uma iniciativa que aproxima a tecnologia das necessidades reais das comunidades, oferecendo mais segurança, agilidade e dignidade na atenção à saúde dos idosos.
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