União Brasil decide romper com o governo Lula e entregará ministérios até setembro - Estado do Pará Online

União Brasil decide romper com o governo Lula e entregará ministérios até setembro

Decisão da legenda agrava cenário para base aliada do Planalto na Câmara; ministros devem deixar os cargos

O partido União Brasil oficializou sua decisão de romper com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciou que devolverá os ministérios que ocupa até setembro. A medida, segundo informações da coluna de Andreza Matais, no portal Metrópoles, representa o afastamento definitivo da sigla da base governista.

Atualmente, três ministros ligados ao União Brasil ocupam cargos no Executivo. Desses, apenas o paraense Celso Sabino (Turismo) é filiado ao partido e, segundo apuração, corre risco de expulsão caso insista em permanecer na pasta por conta de sua proximidade com Lula. Frederico Siqueira, ministro das Comunicações, também deve deixar o governo — ele não é filiado, mas foi indicado diretamente pelo União Brasil.

A única exceção deve ser Waldez Góes, ministro da Integração e filiado ao PDT. Góes tem o respaldo do senador Davi Alcolumbre (União-AP), uma das principais lideranças do partido, e deve continuar no cargo mesmo após a debandada.

Com 59 deputados federais, o União Brasil é a terceira maior bancada da Câmara e sua saída enfraquece ainda mais a já frágil base de apoio do governo, especialmente em votações cruciais para a pauta econômica e política do Planalto.

Segundo a reportagem, a decisão da legenda já era esperada desde abril, quando União Brasil firmou federação com o Progressistas (PP), partido de oposição. A federação exige apoio conjunto a um único nome nas eleições presidenciais, o que praticamente inviabiliza qualquer aliança com Lula em 2026.

O estopim para a ruptura foi a fala do presidente nacional do partido, Antonio Rueda, durante evento da XP Investimentos, em São Paulo. Rueda afirmou que o governo Lula carece de “coragem” e “seriedade” e defendeu a substituição do presidente em 2026. Ele também responsabilizou Lula pelas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, em uma fala que causou forte reação no Planalto.

A resposta veio dias depois, com Lula convocando os três ministros ligados ao União para uma reunião fora da agenda, na qual teria condicionado a permanência nos cargos ao apoio explícito do partido no Congresso. Em tom de enfrentamento, Rueda respondeu nas redes sociais:

“O compromisso do União não é com cargos ou conveniências, é com princípios. Independência não se negocia.”

A saída do União Brasil abre mais um flanco de instabilidade para o governo Lula, que já enfrenta dificuldades para consolidar maioria nas votações da Câmara. Agora, o Planalto terá de reavaliar seu mapa de alianças e buscar novos apoios para enfrentar o segundo semestre legislativo.

Entramos em contato com Celso Sabino pedindo posicionamento sobre o assunto e aguardamos retorno.

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