UFRA e Polícia Civil investigam o desaparecimento da ilha Camará

De acordo com o parecer técnico, a ilha começou a desaparecer em 2003 e seu desaparecimento se intensificou até 2016.

Reprodução UFRA

A Polícia Civil do Pará contatou a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) para obter apoio em uma investigação delicada: o desaparecimento completo da ilha Camará, situada no município de Marapanim, região costeira do estado. A denúncia, feita por pescadores e ribeirinhos, sugere que a ilha desapareceu devido ao intenso tráfego de lanchas de praticagem, trazendo pessoas do mar para o continente.

A ilha, uma parte da Reserva Extrativista Marinha (Resex) Mestre Lucindo, era uma das 23 unidades de conservação registradas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) do Ministério do Meio Ambiente.

Os esforços da investigação receberam um impulso significativo da equipe de pesquisadores da UFRA, liderada pela professora Tabila Verena da Silva Leite, do curso de Engenharia Cartográfica e Agrimensura. Utilizando análise cartográfica extensiva, geoprocessamento e imagens de satélite, a professora reuniu dados desde 1985 até o momento da solicitação da polícia em 2021. As imagens analisadas revelaram o desaparecimento progressivo da ilha Camará ao longo dos anos, de uma área de 13.561,998 m² na década de 80 para a total ausência no mapa em 2016.

Tabila Leite explicou que, embora a erosão costeira seja comum na Amazônia, o desaparecimento da ilha Camará não pode ser atribuído apenas a processos naturais. Uma comparação com outra ilha próxima, que sofreu poucas alterações, sugere que o intenso tráfego de lanchas de praticagem acelerou o desaparecimento da ilha Camará. De acordo com o parecer técnico emitido pela pesquisadora, a ilha começou a desaparecer em 2003 e seu desaparecimento se intensificou até 2016.

A coincidência entre o período crítico de desaparecimento da ilha e as atividades de uma empresa de navegação na área levou a Polícia Civil a indiciar a empresa por crimes ambientais e operação sem licença. O laudo técnico, assinado pela professora Tabila Leite e pelo professor Robson Ramos, foi fundamental para fundamentar as acusações contra a empresa.

A Polícia Civil informou em nota que o inquérito foi submetido à Justiça, enquanto a UFRA continua seu trabalho de pesquisa para entender melhor os impactos ambientais na região costeira do Pará.

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