A anulação de três questões do Enem 2025, anunciada pelo Inep no dia 18, foi o primeiro reflexo público de uma suspeita que vinha crescendo dentro do Ministério da Educação. A decisão foi tomada por precaução, após técnicos identificarem na internet conteúdos semelhantes aos itens aplicados no segundo dia do exame.
A reação imediata não ficou restrita ao gabarito antecipado em um dia. No mesmo domingo (23), a Polícia Federal entrou em campo. A corporação cumpriu mandado de busca e apreensão no Ceará, autorizado pela Justiça Federal, para investigar possível fraude em certame de interesse público.
A investigação, solicitada pelo MEC, mira a divulgação prévia de questões. A apuração começou quando o Inep identificou relatos e materiais circulando dias antes da aplicação das 90 questões de múltipla escolha do segundo dia, sendo 45 de ciências da natureza e 45 de matemática.
A PF afirma que trabalha para esclarecer a origem dos dados, rastrear responsáveis pela obtenção e possível compartilhamento indevido e verificar conexões com outros crimes. Segundo a corporação, os objetivos incluem “esclarecer os fatos; apurar possíveis ilícitos; identificar os responsáveis pela obtenção dos dados e divulgação indevida, além de possíveis conexões com outros delitos”.
Como pano de fundo dessa investigação, surgiram informações que ampliaram o alcance das suspeitas. Em entrevista à TV Educativa do Ceará, o ministro da Educação, Camilo Santana, explicou que teria chegado à pasta o relato de que um participante do pré-teste do Enem teria divulgado itens durante uma transmissão ao vivo dias antes da prova oficial.
O pré-teste é uma etapa confidencial,, um ensaio com uma amostra de estudantes para medir o desempenho de questões ainda não integradas ao Banco Nacional de Itens (BNI). Só após atenderem aos critérios técnicos elas passam a compor o banco e podem ser usadas em futuras edições do exame.
Com 3,36 milhões de participantes realizando o segundo dia de prova em 16 de novembro, a suspeita de vazamento mobilizou órgãos federais e colocou o Enem no centro de uma disputa por credibilidade. Agora, as próximas etapas da Operação Profeta devem indicar se houve vazamento real, como ocorreu a suposta live mencionada pelo ministro e quem seriam, de fato, os responsáveis.












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